quarta-feira, fevereiro 14, 2018

Está tudo bem






por Rafael Belo

Estou aqui entre o pensar e o não pensar onde chamo do descanso das imagens. Eu saio do ar sem deixar de prestar atenção em tudo. É um estado de consciência absurdo e até os mínimos detalhes convertidos em imagens na minha mente se ausentam. Há uma multidão naquelas águas térmicas comigo. Só prestam atenção na minha existência quando subitamente trombam em mim ou alguém daquela realidade dá um spollier. Às vezes, mesmo assim não se desculpam.

Aquelas águas borbulhantes naturalmente hidromassagem comportam tanta gente e ainda assim não testemunho ninguém interagir fora do seu grupo nem no automático. Famílias, casais, pares, amigos basicamente com os celulares supostamente isolados da água pendurados no pescoço como placas de identificação, o utilizam para registram o momento e com medo de perder o aparelho se limitam a isso. As poucas vezes que interagiram comigo foi para tentar confirmar alguma afirmação sem minha cooperação para tanto. Já eu interagi bastante...

Enfim, a gente relaxa e se diverte conforme nos propomos. Mas, é estranho estar rodeado de desconhecidos barulhentos e mesmo assim em silêncio. Ali, naquela água borbulhando e massageando naturalmente, o mundo parecia um paradoxo habitado e desabitado ao mesmo tempo. É uma experiência de conforto e desconforto não coexistindo, mas colidindo vez ou outra. Você está lá sem compromisso, sem dever nada a ninguém, sem responsabilidades naquele período, sem a necessidade de se preocupar com nada e nem ninguém e aí você trai toda esta liberdade querendo de repente exatamente o oposto.

Mesmo no conflito de qualidade e quantidade, aparentemente, os seres humanos só evoluem quando interagem fisicamente, pessoalmente e se permitem trocar ideias e conhecimento. Ah, também é desta forma que se vive mais e melhor. Então, Não importa o quanto alguém possa ser irritante é possível tirar uma qualidade dali mesmo isso tendo de vir da tua postura e de como nos abrimos para receber a forma do outro. Afinal, também podemos ser muito irritantes... Não é que a grama do vizinho seja mais verde neste nosso planeta abundante, mas tão cinzento e concreto, é que vários mundos acabam cada vez que rejeitamos ou aceitamos algo. Neste fim do mundo constante devemos a nós mesmo experimentar porque em algum momento mudamos de opinião querendo o avesso do que a gente tem, do que estamos vivendo e está tudo bem com isso.

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