quinta-feira, fevereiro 15, 2018

minhas amarras





do sol absoluto para a tempestade interminável
assim o dia é avesso noite o claro é seu oposto
o raio contrário vira raio cai e caio no fundo do céu
levanto encharcado feito papel amassado em anotações perdidas

cai tanta água ruas rugem rios recém rompidos dos ventres das nuvens
curvem esta reta comigo unanimemente burra urra vento mistura chuva
turva a visão nesta conexão ruidosa do carnaval de fevereiro não há corpos inteiros

marinheiros das probabilidades o medo das tempestades é uma antiga gota d’água

quando mais um fim do mundo termina outro se inicia para nos provocar

saio do ar dessintonizo entre o pensar e o não pensar não me permito mais me irritar
na próxima chuva vou soltar minhas amarras voar com as azuis araras.


+ Rafael Belo, 22h26, quarta-feira, 22 de fevereiro de 2018+

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