terça-feira, dezembro 18, 2018

odiando-nos





por Rafael Belo

Daqui 17 dias os ciclos se renovam. Eu me vi me distanciando de mim. Deixei-me cinco passos adiante esperando me alcançar e, agora, não há mais divisões sou um só ainda seguramente sendo quantos de mim eu quiser ser. Só tenho necessidade de criar e aprender. são meus ares. Só respiro desta maneira. Mas agora mesmo estou prendendo o ar, esquecendo de respirar. Há milhares de mulheres sofrendo, mas o foco atual está nas abusadas, estupradas por um homem. O machismo, sexismo e todos os ismos ainda ferem e querem desacreditar tantas vítimas. Um homem contra mais de 330 mulheres…

Não tenho ideia das dores e traumas causados pelo homem acusado João de Deus, nem pretensão disso. Quem pratica estes atos horrendos continua sendo um homem. Chamar de monstro se pressupõe que estava fora de si… A quantidade de denúncias de abusos, estupros e ameaças, infelizmente é recordista. Levando em conta os mais de 40 anos de atendimentos, o líder religioso além de distorcer a religião que representa, abusou da posição de poder, inclusive da filha. Há mais vítimas por aí com medo… Mas tudo isso está acessível. Com um caso tão notório a Justiça deve ser feita. Ela precisa ser feita.

Mas o ódio foi direcionado as vítimas, mais uma vez. Como uma nojenta guerra interminável. O abuso e o estupro sempre foram uma forma de humilhação e poder em guerras, invasões e de uma forma covarde e perversa estas mulheres, que tiveram coragem de ser expor, estão sendo perseguidas, humilhadas, pressionadas e postas em dúvida.  Que seres humanos somos? Não podemos sequer defender as vítimas? Queremos desfilar o ódio e, ao invés de acolher, rejeitamos, acusamos, repetimos as marcas massacrantes de guerras.

Violar o corpo, a alma, a mente, a liberdade de alguém deveria ser crime hediondo. Estamos distantes de ser quem podemos ser e ainda que as mulheres sejam maioria seguem sendo humilhadas e desrespeitadas em plena época de evolução constante, de progressos nossa alma se apequena pela falta de acolhimento e gentileza com a profundidade e a vergonha manifestada na dor do outro nos canabalizando feito velhos bons selvagens se perguntando qual a diferença do ano estar terminando… Neste lugar onde chegamos fico pensando: a imagem e semelhança de quem?

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