terça-feira, dezembro 11, 2018

Quando nos perdemos






por Rafael Belo

A gente mede tudo pelo tempo. Falamos de rapidez e lentidão o tempo todo. Nossas expressões são baseadas no passar das horas e no não passar também. É um controle tirano causando descontrole insano. Horas de trabalho não pagas, o mundo girando em explorações por minuto e contamos os instantes para que? Nos preocupamos com a idade e ficamos nos posicionando entre velho demais e jovem demais… Não é demais sermos dominados por algo que vivemos acumulando ou dizendo perdermos?

Temos todo tempo do mundo ou somos tão jovens? A Legião é filosófica-poética e misturar razão com poesia nos toca. Quando somos esta canção é o sentimento o culpado pelas medidas ou  o pensamento?? Semana passada, dias atrás, semana que vem, em um minuto… Parece tudo contagem regressiva ou um acumulador desregulado de passados em aparências que acabam e por dentro o nascimento vive renascendo… O tal do cronológico é outro.

Este tal Cronos, origem da derivação cronológica, é pai de Zeus. Este, por sua vez, para não ser devorado pelo pai o esquartejou e o jogou no lugar mais profundo do Tártaro… Percebe? O Tempo não queria perder o lugar para quem viria depois mesmo sendo o próprio sangue e devorava todos os filhos. Acabou despedaçado pelo filho sobrevivente perdendo tudo, inclusive a liberdade. Quando o Tempo reinava era tudo fome, miséria, guerras e doenças. Nada era graça. Se seguimos baseando a vida em mitos, o tempo não existe mais. Nós somos culpados e as desgraças jamais deixam de nos rodear. Não há um dia para isso, ao contrário nós abraçamos esta causa sórdida e culpamos mais uma vez o Tempo.

Quantas desconstruções precisamos realizar em um voltar e ir sem fim onde o ficar inexiste em um desestar estável nos perturbando? Eu proponho desmedir. Vamos usar desmedidas para tudo. Deixa o coração falar, deixa o instinto revelar, deixa o pensamento conectar… Medidas servem para coisas, para construções de objetos, carne, ossos e sentimentos não precisam disso. Nada material satisfaz o imaterial, o impalpável, a presença e se satisfaz é quando realmente perdemos.

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