segunda-feira, novembro 04, 2019

O justo é cobrado










por Rafael Belo

Há um medo atrapalhando a gente. Vejo por toda parte algo visível não acontecendo por medo de aumentar as responsabilidades ou o não querer lidar com o não. Esta ausência de compromisso, esta covardia nossa diante nossas possibilidades profissionais e espirituais nos faz responsáveis pelos desacertos nas nossas vidas. Todos estes erros e turbulências não são gratuitos, são frutos plantados e negados por nós. Temos sérios problemas de diferenciar os momentos do sim e do não.

Esperamos ser reconhecidos e não conseguimos falar, lutar, exigir nossos direitos. Queremos milagres mas não agradecemos sequer pelo nosso respirar, queremos o melhor mas nos esforçamos o mínimo possível, damos o nosso pior… Queremos atenção e carinho, mas só oferecemos cobranças, discussões e exigências porque temos medo. Medo de ser cobrados, medo do não, medo de não conseguir, medo de tentar, medo do medo… O medo é um tema sempre usado porque ele sempre atrapalha quando o deixamos dominar.

Como sermos 100%, atingir o melhor e depois ainda melhorar se estamos travados, se não conseguimos ter humildade e educação, se não nos indignamos, se não reagimos ao que consideramos ruim, mal e desonesto? Tememos tanto perder que não vivemos. Temos medo da vida…! Alimentamos este medo diariamente e, se pararmos para pensar, nossos governantes também. São prometidas tantas soluções, mas temos medo de cobrar e no fim só mudam os nomes, as atitudes seguem as mesmas… As nossas e as deles.

Todos os dias eu tenho medo, mas respiro fundo, converso com Deus, confio e faço. Não sai como eu imagino. Sai bem melhor ou nem acontece ou, pior, sai totalmente ao avesso… Então, eu fecho os olhos, respiro mais fundo ainda e sigo confiando. É clichê, talvez muita burrice, confiar na palavra das pessoas, no combinado com as pessoas… Hoje muitas crianças não acreditam, mas eu sim. Eu prefiro ver o bem, o bom, o positivo, prefiro nos ver como irmãos de um mesmo grande e misericordioso Pai e acreditar estar fazendo minha parte, dando o meu melhor, independente das outras pessoas estarem retribuindo, mas já não sou o bonzinho calado que diz estar tudo bem. O que é justo será sempre cobrado.

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