quarta-feira, outubro 08, 2014

Favor (miniconto) – Rafael Belo


Faz um favor? Finge que não estou e finge em silêncio. Não quero ouvir nada a não ser meus pensamentos e as mentiras contadas por mim no eco, assim, dos próprios fingimentos feitos quando não escuto só solto monossilábicos com os lábios fechados e as narinas em movimento. Esta hipocrisia acumulada...

Vai, é só como um prato de alimento da imensa satisfação a um faminto destes que não tem uma decente refeição desde onde alcança a própria imaginação. Minta para si mesmo... Por que não? É só uma continuação da tua história inventada para se forçar na mesma estrada, esburacada repleta de retornos e estorvos...

Esta onde tua vontade é despedaçar, acabar com o asfalto e deixar o medo retornar.  Sempre com pressa nas desculpas a se amontoar como o pó daqueles amigos que tu não vês porque te dizem sobre tudo aquilo necessário escutar e não te agradam como os colegas. Então se esconde e deixa esta poeira barrar teu brilho...


Mentira este teu trajeto trágico onde você se faz de mágico, mas na verdade não consegue criar uma simples ilusão, padece de sinceridade e sente a dor da mentira ao redor, da maquiagem ao protetor solar e quando tu mesmo mente parece mastigar uma mistura de pregos enferrujados e vidros quebrados com pimenta Ghost Chilli, Zaqueu... Agora posso quebrar o espelho e parar de falar sozinho. Deixa as mentiras descerem na pia e chegarem ao próprio ninho.

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