Os pedidos não paravam de vir
recheados de sorrisos e promessas. Vinham das ruas, das caixas de correio, dos
telefones fixos, dos celulares, das mensagens, dos aplicativos, da web, da
televisão, do rádio... Havia tanto a escolher, aliás tantos querendo o mesmo,
mas não existia mais confiança, as pessoas não se sentiam mais representadas e
não acreditavam mais na incorruptibilidade dos que conseguiam os votos
necessários.
Xavante Aroeira não
abandonaria o país. Sabia ser o último naquele futuro distante a não ter
abandonado o Brasil, enojado com as mentiras e o enriquecimento daqueles que
deveriam representá-lo e melhorar o que fosse possível. Quem ficou estava
corrompido, pré-disposto a melhorar a própria vida da melhor forma disponível ou
restava uma esperança de mudar da maneira como tudo estava. Mas, Xavante desacreditava
das soluções passivas.
Um grupo se armou de subsídios
secretos e foi a luta. Não pensaram no que viria depois apenas não era possível
viver mais como estava. Xavante os liderava e esperava com isso libertar as
pessoas dos impostos abusivos, da insegurança, da constante enganação... Eram
treinados em guerrilha urbana e capazes de hackear qualquer tecnologia. Invadiram
contas de todos os envolvidos em corrupção e distribuíram o patrimônio de cada
um oficialmente entre o restante da população, inclusive dos que deixaram o
Brasil.
No fim a democracia ainda
existia, mas seu sistema corrompido acabava de desabar. Xavante Aroeira
perseguia qualquer corrupção residual que correra para os esconderijos mais a
vista... Radical, fazia os corruptos se
delatarem e os filmava atribuindo os feitos deles com a pobreza, miséria e mortes diárias que
aconteciam pelos desvios e mau-caratismo agudo tão pertinente aos donos do
poder. Policias de todas as instâncias seguiam liderados por Xavante e juntos
aceleravam a Justiça tampando brechas e escoltando corruptos para suas novas
moradias: favelas sem UPP’s, água, luz e esgoto. Mesmo à força, o Brasil seria outro e era a escolha dos sobreviventes.
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