A cachorra deles só observava
com a humildade de quem sabe o que vê. Sem falar sem latir, impedida de aquilo
expelir. Havia uma dor subindo em seu peito, dela não da cadela, e pelo jeito
do outro sujeito, ele também a tinha. Nenhum andava na linha ali. Ela não era
ele, ele não era ela, eram no máximo estilhaços amargos de uma antiga janela. Ainda
desta forma, a “reforma” não impedia... Faltava ar... Era uma ausência de espaço. Corria
um abafado mormaço, mas não se admitia o ir e vir percorrer a possibilidade de
não existir rancor.
Sonhador... Sonhadores... ambos olham pelos retrovisores
sem querer deixar nada para lá. Deixados para trás, simultaneamente,
sorrateiramente destorcem os braços torcidos e todo argumento distorcido é
devolvido no momento desenvolvido para patinar, para permanecer sem continuar. A cachorra deles estava atenta como se
tivesse algo a dizer, prestes a contar.
Vai prevalecer um gosto de cru fígado
da boca a face, disfarce imposto retroativo cobrando devagar as rugas e o tempo
onde a pouco nem o existir existia, aonde a cachorra deles ficava com o olhar
fixo esperando para mostrar conhecimento, mas resistia. Um ou outro, à revelia,
substituía a brancura do rosto pelo envergonhado corado... Insistia em se
pintar além do devia e o fazia.
A cachorra deles só olhava como
quem dizia estou com vocês e para não se perder também se doloria, a dor
dividia o passado em nostalgia enquanto doía ainda e aquilo subia, porém, se
repartia para espalhar. Eles dividiam o peso e tentavam não ter desprezo pelo
bocejo que a vida lhes dava. De repente chovia e ambos queriam se molhar. Foram
para chuva sem parar. Quebraram os retrovisores, mas sempre havia os defensores do caco
ajudando para trás olhar.
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