terça-feira, abril 30, 2013

Distúrbio da Dependência Virtual



Distúrbio da Dependência Virtual
por Rafael Belo

Há um chorume e muito chororô nas redes digitais corroendo a imagem e ampliando as aparências com a eloquência de um mudo por estupefação. A carência é tão assombrosa que as ilhas de isolamentos formam seus próprios arquipélagos e povoam o mundo virtual como uma distorção emocional nunca antes vista nem em pornochanchadas. Há os otimistas ao extremo e os depressivos a tal fundo a parecer postagens do além. Um mundo vivo e mutante onde a conexão é em tempo real e o tempo todo. É o novo mal dos séculos e séculos: o Distúrbio da Dependência Virtual.

A síndrome dos dedos ansiosos faz parte deste male. Então é um quê de postar fotos, compartilhamentos, curtidas... Ah, as curtidas... O desejo de ser desejado, de ter o “brilhante” pensamento bem quisto por outrem, de todos comentarem o fato público de termos ido ao banheiro, estarmos comendo, com fome, tomando banho (ah, vai tomar banho...), e dezenas de inutilidades da rede feitas como se fôssemos tolos adolescentes apaixonados pela primeira vez ao desligar o telefone: desliga você primeiro amor, ah não desliga você, então vamos desligar juntos 1, 2, 3, aaaah você não desligou...

Nossos dedos desesperados percorrerem fazem o cursor deslizar páginas e págians para sabermos o quê as pessoas estão fazendo, o quê não estão o que farão... Mas algo que ainda não está em consenso é a marcação. Não a cerrada ou a disfarçada, a das frases e imagens. Uns reclamam por horas (o que equivale a anos no mundo virtual...) por não terem sido marcados. O céu desaba, o mundo acaba e lá vem o melodrama. Outros por serem marcados. Desaba o céu, acaba o mundo, a casa cai e lá vem mais uma novela... Esse novo distúrbio é uma grande rede física tornada virtual pela (r)evolução tecnológica.

“Saímos” da pequenez das fofocas, intrigas, disputas desonestas físicas e face a face para vigiar e espalhar feito um efeito viral nas redes digitais por horas e horas infrutíferas neste espaço tão bebê ainda desconhecido. Covardemente nos expomos e expomos outros enfocando em uma lupa todas as nossas carências em um grande caldeirão de temperos com horrendas expressões faciais. Estas efemeridades mudam instantaneamente como as celebridades frutas: dependem das estações.

É claro que estamos focando a parte podre, mas tanto a podre quanto a madurinha tateiam às cegas - por estupefação - nesta turbulência pronta para nos sucumbir as consequências.

2 comentários:

Dione Bello disse...

Acabei de ler "Distúrbio da Dependência Virtual,gostei porque é bem pertinente este texto,discorre sobre o que acontece nas redes sociais.

Anônimo disse...

Muito Bom! Parabéns! Atual!Sos