A coroa negra era
feita de pedras preciosas derivadas do ônix, turmalina preta, obsidiana,
hematite, mas principalmente de axinite e opala preto. Toda sua armação era
feita de um tório deixado no ar mais puro da China. Toda luz refletida era
amarelada com uma aura negra. Havia uma força magnética dona de todos os
olhares e quem olhava tinha a mente esvaziada deixando um olhar abobado, quase
feliz.
Queria se apoderar da
coroa negra, a milenar, o Rei de Amarelo. Ela sonhava possuí-la e reinar além
dos seus limites. Vesti-la era coroar a cabeça com o universo estrelado. Havia muitas
estrelas mortas ainda iluminando suas ideias. Ele passou tanto tempo alucinando
ser mais majestoso que foi ficando ele amarelo. O Rei Amarelo de Amarelo...
Queria seus súditos
como ele e sabia ser a única majestade capaz de suportar a coroa negra. Já havia
espalhado seu rosto e trajes nas faces da moedas. Ninguém havia percebido. Aos poucos
o papel moeda também o tinha em todas as suas formas. Não demorou muito para
alcançar o interior de cada um e todos começaram a amarelar. O problema é que o
absolutismo corrompe até o absoluto.
O amarelado Rei de
Amarelo julgava-se, e nós o imitávamos sem sequer sabermos, um ser único. Um amarelo
ser acima de todos os outros seres, mais evoluído, inteligente, perspicaz e
claro não era. Em pleno Brasil durante a Copa do Mundo, descobriu a coroa negra
escondida à vista. Em cima do painel digital em um fim de tarde amarelando em
Campo Grande – MS, em sua principal avenida. Como todos ao redor, estava
hipnotizado, sua mente estava vazia e seu olhar abobado. Olhava para cima e já
se esquecia quem era... De novo.
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