quarta-feira, agosto 31, 2016

Quem vai? (miniconto)




Silenciosamente os sons rastejam para assustar o silêncio e nele estava Dade tentando se concentrar nas lembranças do dia. Tinha algo para guardar, mas precisava emudecer a mente, não levar o maior susto do qual se lembrava com todo aquele despertar da noite concentrado nela. Estava bem ali, pronto para ser lembrado, mas ela parecia ter sido cercada por sons mudos por opção e de repente berravam a ensurdecendo, a enlouquecendo, a fazendo gritar pare pare pare PARE!! Dade gritou até perder a voz, depois ficou ofegante sem perceber o corte de energia, sem saber quem era...

Se eu tiver próximas gerações, elas ainda se assustarão com isso. Será que acabou? Estou arrepiando ainda... Que horas vou conseguir dormir meu Deus? Eu tinha que lembrar algo, não tinha? Que horas são heim?! Meu celular acabou a bateria... Onde está o carregador? Deveria estar tão escuro assim? Ué a luz não acende... Ah, não! Acabou a luz... Sério mesmo? Será que não paguei? Assustada assim, não vou conseguir ficar sozinha neste quarto... Estes cães estão me deixando com mais medo ainda, por que não param de latir?

Estão enlouquecidos e me enlouquecendo. Estava tão gostoso para dormir e até há instantes nem ligava estar sozinha nesta casa vazia. Agora me sinto observada... Não conheço metade dos meus vizinhos e não gosto da outra metade... Ótimo! Se não bastasse o frio agora a chuva e os cachorros não param... Espere! Os gatos também estão infernizando agora. ..! Que terrível! Parecem crianças chorando desesperadas e estes cães do inferno vão derrubar todos os portões e fugir...

Não não não não não não não pode ser! Este barulho monstruoso não pode ter vindo dos portões sendo derrubados, pode?Os gatos estão nas janelas... Não lembrava de ter tantas janelas aqui... Os cães começaram a uivar, estão arranhando a porta... Por que estes animais querem entrar? Agora me lembro. Eu me desconectei. Não ligo para cães, não ligo para gatos, não gosto deles... E após atropelar alguns deles, apareceu aquela senhorinha parecida com minha falecida avó e acabei desviando e parando na chapa daquela lanchonete... Eles entraram! Mãos frias em mim nesta escuridão... AAAAAAAA... Da onde vem este pi pii pi PI piiiiiiiiiiiii...


Desliguem os aparelhos. Afastem-se! Andem logo! AFASTEM-SE!! Humanidade se foi! Hora da morte, por favor... Quem vai avisar a família?

terça-feira, agosto 30, 2016

Cem tons de noite



sem sons sãos enlouquecem enquanto escutam
silêncios saindo sussurrantes aquecem arrepios arrebatadores
alienados abafados quando angustiantemente amputam
latidos latentes literalmente exaustos executando exaustores

cobertores caem constantemente distraídos daqueles que disputam
disfarçadamente doutrinados ditados previsíveis por periódicos protetores
na noite navegante nada fazem formalmente furtam

a humanidade ainda acordada no fundo dos corações lutadores
confrontando o sono temem a versão beta instalada e surtam

silenciosamente se sentem incomodados sem saber serem sabotadores sabotados.

(às 22h44, Rafael Belo, segunda-feira, 29 de agosto de 2016)

segunda-feira, agosto 29, 2016

Como se sente?


À noite os cães ladram e uivam, mas só se você estiver acordado, enredado em tantos pensamentos a ponto de nem sono sentir ou simplesmente negligenciar a necessidade de dormir. Eles não param. Latem perto, longe, depois voltam como uma sinfonia perturbadora para quem tem sono leve, não é o meu caso, mas é só na hora do descanso, naquele minuto no qual fechou os olhos sem perceber e digitou palavras indecifráveis é que a latição começa... Quando não são gatos se reproduzindo no telhado...

Talvez você se irrite antes de dormir de novo, mas é capaz de acumular tantas intrusões ao seu espaço calado a ponto de estourar pelo conjunto da obra a qualquer momento. É preciso falar antes de transbordar um oceano e esperar todos se afogarem ou, simplesmente, extravasar de alguma maneira, afinal gatos não vão parar de se reproduzir por nossa causa e metade das funções dos cães é segurança (lê-se latir), é praticamente a razão de viver deles. Então, temos obrigação de explorar outras formar de silenciar.

O silêncio necessário para nós somos nós os criadores, produtores, coadjuvantes e protagonistas, inclusive das reviravoltas culpadas por nos deixar andando em círculos barulhentos... Não! Espere! Nós somos os culpados – a não ser que sejam sucessões de acidentes! Ninguém vive nossas vidas, aliás, sua vida e minha vida, ou só somos indivíduos e particularidades quando nos convém? É, somos convenientes quando precisamos, somos agradáveis quando queremos, mas podemos ser bem inconvenientes quando algo não nos agrada.


Desagradável como o famoso ditado (im)popular “... Mas se pisam no meu calo...” Pode pisar no calo do outro, chutar a cabeça do próximo se – e somente se – não me envolverem? É devíamos pedir licença para tentar testar uma nova versão beta de humanidade, mas só enquanto não encontramos a nossa porque neste período temos de aprender a aceitarmos os sons ao nosso redor mesmo se nos incomodar. De outra forma como podemos pedir silêncio se nem sabemos dizer como realmente nos sentimos?

domingo, agosto 28, 2016

Constelação neozelandesa (resenha)



Pode ser intimidador pegar um livro de 888 páginas, mas Os Luminares de Eleanor Catton, vencedor do Man Booker Prize, nos leva de imediato para outro tempo e continente. São 12 homens e duas mulheres vivendo uma sucessão de erros, ou o que chamamos de inferno-astral e os astros têm tudo a ver com a história cheia de reviravoltas na segunda metade do século 19 na Nova Zelândia. Em plena corrida pelo ouro há mistério, morte, romance e uma história contada segundo as estrelas.

Já na capa vemos as constelações que formam os 12 signos ligados à personalidade dos personagens e começamos a olhar o céu noturno de uma forma diferente. Dividido em 12 partes de forma lírica e até poética, a narrativa de Catton não é chata em nenhum momento, passa longe de maçante, ao longo das páginas queremos avançar cada vez mais para entender o que aconteceu, quais são os segredos que unem tantas personalidade diferentes, haveria uma assassino entre eles?

É uma experiência enriquecedora estar entre o ópio, a pólvora, garimpeiros, prostitutas, chineses, traficantes, marujos, assassinatos, fraudes e várias versões da mesma história cheia de chantagens. Cada personagem tem sua vez de contar a própria história envolvendo fuga, discriminação e sobrevivência nos levando a uma amizade e compaixão com os personagens que nos faz no final parar para pensar sobre eles. É só quando todas as peças se encaixam que entendemos quando tudo começou.

Percorrer todas estas páginas com a necessidade de saber o que trouxe cada um deles até aqui nos coloca no lugar de Woody, Wells, Ana, Lydia, Carver, Smires, Manering, Dick, Quee, Sook... Até porque tanto a trama quando estes personagens são essenciais para no iluminarmos e o talento de Catton nos envolve de todas as maneiras. Li o livro em fevereiro, algumas dezenas de livros atrás, e ainda lembro dos detalhes desta trama que também é um thriller. Pare o que está fazendo e viagem para um tempo e uma cultura diferente contados de uma forma que você ainda não leu!

sexta-feira, agosto 26, 2016

Aí estão (miniconto)





Depois de toda a cidade passar um dia inteiro naquele chafariz abandonado tudo mudou. Foi como se... Parece maluquice ou fanatismo escrever isso, mas foi como se um novo mandamento fosse escrito e uma proibição de casais acrescentada... Enivia sentiu uma nova série de agoras se enfileirarem e acumularem e se cercarem e... e... E então tudo parou por um instante eterno. O céu virou água e nesta água faltou luz... Escureceu.

Da escuridão o equilíbrio tem que brilhar. Talvez o brilho seja o desequilíbrio a dois... Um efeito desta sensação (porque não consigo acreditar passar disso) é a verdadeira solidão. Aquela que precisamos em doses lentas e, às vezes, toda a dose... O resultado é: não há mais casais nesta cidade! Penso se não aconteceu o mesmo aos nossos vizinhos, as cidades ao lado, nos estados, nas regiões... Ah, não seria o país inteiro? NO MUNDO? Vou ter que ligar a TV...

Por que não liga? Nada mais funciona! Olha só... Nãonãonãonãonão... AAAaaaaaaaaaaaa o celular não, por favor!! E agora? Agora? Hummm... Será... Será? Será que é isso? É sobre o tempo... Isto é o agora e só uma pessoa por vez pode estar presente ou é mesmo a questão da solidão... ? Meus Deus vou morrer de dor de cabeça sem entender o que está acontecendo!! Preciso encontrar alguém, mas ei!! Olha lá meu vizinho... “Vizin...Ho!” Cadê minha voz? Por que toda vez que me aproximo ele se distancia?


É como andar em círculos comendo um sanduíche infinito com uma fome eterna... O ? O que? Mas o que é isso? São relógios... Olha só, de todos os tipos, mas não contam o tempo... Na verdade não contam nada! Por que estão sem ponteiros, sem números...?  Qual o significado de tudo isso? Significa alguma coisa? Nossa! Faz tempo que não consigo ouvir nem meus pensamentos... Acabei de novo neste maldito chafariz. Eu tinha um marido antes, não tinha... Tinha sim! Como eu era antes dele? A água é luz? Por que brilha tanto? Eu queria ser escritora, não era? Ah, aí estão todos vocês... 

quinta-feira, agosto 25, 2016

Parada hora



não há tempo no agora apenas a contada história
uma trajetória de minutos absolutos na realidade alterada
hora marcada na dor de cabeça ventada da puxada memória

glória no ajoelhar agradecer o rápido passar da jornada
devagar se vai ao longe até ser muito jovem o falar da senhora

nós somos o alongar do agora na tempestade da vitória

construímos cada centímetro do degrau dolorido da única escada
riscada à mão em rascunho amassado nossa subida ilusória
trajetória sacada de repente no meio da escalada provisória

acúmulos de agoras infinitos rasgando o tempo com mitos despedaçados no grito do tempo em cada hora parada.

(às 01h12, Rafael Belo, quinta-feira, 25 de agosto de 2016).

quarta-feira, agosto 24, 2016

Reconhecimento (miniconto)




Jeana estava fazendo o que muitos de nós já fizemos. Ela encarava as horas esperando e esperando e... Ora olhava para o relógio na parede, ora para o relógio (raro) de pulso, ora para o celular, ora para o notebook, ora para a televisão... Todos mostrando tudo passar, mas com o clima mudando ela temia ficar presa, por isso, a ansiedade. A tempestade anunciava acabara de despencar e soprar e soprar e... O calor agora era frio. Agora? J sentia calafrios o dia inteiro e não era o vento veloz.

Aonde está o agora? Busco algo infinito, mas só se repete como uma urgência e é a sequência de agoras me cercando sem eu ao menos perceber antes de ser tarde demais. Pronto passou mais um e essa é minha vida a todo o momento. Gostaria de entender este retorno ao zero em várias medidas de tempo... Tempo?! Do tempo só lembrava ser aquele que cura ou seria aquele que não espera ninguém?

Qual a medida do tempo, afinal? Um monte de agoras? Quando meu agora acontecerá? Há um agora depois? Antes também é agora? O agora é igual para todo mundo? Eu tenho um agora especial? Devo estar parecendo uma louca! Balançando a cabeça, olhando para todos os tipos de horas, mordendo os lábios, emaranhando meus dedos nos meus cabelos como... Como... Ah, não...! Como um relógio. Repetindo, repetindo e repetindo e...


Não consigo acompanhar meus próprios pensamentos e agora ainda tenho que caminhar em círculos... Ótimo! Todos me olhando... Não acompanho a passagem das horas... Quando preciso de rapidez demora, quando quero lentidão voa... Ah, vou sair daqui e meu agora não chega. Quando chegar... Quando chegar serei meu próprio tempo por tempo indeterminado. Meu agora vai me reconhecer? Eu vou me reconhecer? O tempo saberá realmente me dizer? Lá fora a tempestade vai passar e aqui... Vou lá ver se as flores vão sobreviver e os troncos secar, só não sei se será agora.

terça-feira, agosto 23, 2016

Quando nós





Chuva corre corrente na vertical vem ventando veloz
violentas vertigens vingadoras vazando vários véus
no som do rasgar do céu chacoalhando curtamente
cada mente mantida mecanicamente refém rindo regularmente
do mesmo trem trilhando trilhas repetidas até descarrilar no ar

perdendo perspectivas perpétuas pela paulatina particular efemeridade
enganando campo-grandenses e paulistas geograficamente gerando grunhidos
gemidos sobre ser sobretudo questão de lugar lentamente libertar maturidade

questão de idade no tempo cíclico causando contato místico mastigando milimetricamente o demorado círculo perfeito soltando o jeito da pressa que apressa a noção do agora quando o tempo do relógio somos nós.

(às 01h01, Rafael Belo, terça-feira, 23 de agosto de 2016)

segunda-feira, agosto 22, 2016

No agora


Uma tempestade com hora marcada e 97% de chance de acontecer parece sinônimo de ficar em casa, mas não. Ela é tão pontual a ponto de chegar antes do previsto para não correr o risco de se atrasar, mas vem a quase 60 km/h ventando tudo pelo caminho. Voam cadeiras, caem árvores, acaba a energia, telhados viram folhas de papel, caixas d’água perdem suas tampas, tampas são encontradas nos quintais de vizinhos, tentamos nos proteger, nos abrigar, mas diante da natureza só nos resta esperar. Então, nos perguntamos: quanto tempo mais?

Esperar não é nossa melhor qualidade e não somos exatamente fenômenos naturais, mas como o clima, podemos sair do calor e da calmaria para tempestade e o frio sem nem percebermos. O céu azul e firme pode nublar e despencar em um piscar de olhos para culparmos a temperatura nos isolando em fantasias distorcidas nos buracos dos nossos caminhos. Só nos juntando iremos controlar o tempo, fazer chover e abrir o sol necessário para cada passo dado por nós. E se esse passo for uma dança... Se pudermos dançar, por que não dançamos?

Isso mesmo! Por que não damos ritmo e empolgação para tudo? Por que não tentamos acreditar de verdade? Quando vemos as tempestades se aproximando e sabemos à hora exata do despencar delas, nos preparamos... Temos todo tempo do mundo, mas preferimos fazer outras coisas a nos preparar para o porvir. O que virá senão frutos daquelas sementes plantadas por estas nossas mãos? Estes frutos não darão sementes? Estas sementes não precisam ser plantadas? O vento não semeia?


O vento pode nos levar para toda parte, mas há outras possibilidades para seguirmos. Se não somos resistentes, precisamos nos tornar ou, então, nos resta realmente esperar e teimosamente reerguer a mesma estrutura adivinha onde... No mesmo lugar. Mas não podemos controlar outro tempo se não o nosso, não podemos soprar outro vento se não com nossas bocas por meio dos nossos pulmões, se o fizermos por mais que aconteça os 97% os três por cento de esperança serão mais fortes porque a perspectiva do relógio é sempre um ciclo em um perfeito círculo que demora ou se apressa, apenas diante da nossa noção deste nosso tempo acontecendo apenas de uma maneira: no agora.

domingo, agosto 21, 2016

Clássico Tesouro (resenha)



Mais uma vez revivi a amizade, a união, a inocência, a aventura, a liberdade, o sonho de toda criança de mostrar do que é capaz... Em Os Goonies, criado por Steven Spielberg e escrito por James Kahn edição de 30 anos, a Darkside não deixou por menos nossa nostalgia com uma fantástica capa encadernada e esta viagem da memória só faz bem a cada página. Não lembro se foram Os Goonies ou a Coleção Vaga-lume a vir primeiro, mas com certeza influenciaram toda minha adolescência.

Andy, Stef, Dado, Bocão e Gordo foram criados há 32 anos em um lançamento simultâneo na literatura e no cinema, desde então, acompanhamos e vivenciamos a história do narrador em primeira pessoa Mikey, que leva toda esta sua turma em busca da lenda do tesouro de Willy Caolho. Será que podemos ser adolescentes outra vez querendo salvar todo o bairro de ser vendido e assim sermos levados à sério e voltarmos a crescer.

Controlar o portão destino já passou pela cabeça de todos, mas imagine como fazer acontecer com um Sloth contigo? Se você já leu e/ou assistiu sabe do que escrevo... Será que conseguiríamos salvar nosso bairro e nossas casas? Fugir do perigo? Com certeza não assisti a estreia do filme, mas alguma das reprises na década seguinte quando já era um clássico (pelo menos da sessão da tarde na época) e todas as vezes que passa desde então. É o tipo de filme que se você não assistiu podemos alegar que você não teve infância...


São 240 páginas, mais um mapa do tesouro, um epílogo do destino dos personagens feitos para nos fazer reviver as armadilhas e artimanhas do pirata de mais de três centenas de anos: Willy Caolho. Quantos tesouros e cavernas não procurei e ainda me despertam os sentidos da aventura por causa deste filme e esta edição especial faz o mesmo. Quem topa (re)assistir esta viagem no tempo?

Está fazendo o quê?! Vai ler agora e garantir que novas gerações o façam também.
*
Tradução Cecilia Giannetti 2012. Original 1985 warner books edition

sexta-feira, agosto 12, 2016

Perdida (miniconto)



Pérola estava perdida há horas naquelas ruas escuras. Ela nem sabia mais se estava no mesmo bairro, na mesma cidade, seria o mesmo planeta? Não, ela não é uma má motorista, pelo contrário Pérola é piloto de testes da Fórmula 1, enfim achava ser uma chance muito remota do mundo machista abrir espaço para ela disputar os Grandes Prêmios já que apenas cinco mulheres o fizeram de fato e só Leila Lombardi chegou a pontuar... Bom, Pérola estava cansada, a vista focava coisas diferentes...

Tenho que admitir: Estou perdida. Dói, mas ainda bem... Estou sozinha! Isto é realmente bom? Homens se perdem o tempo todo e beleza, mas mulheres se perdem uma vez e são barbeiras, blábláblá, um perigo e blábláblá... Preguiça de conversar até comigo mesma sobre esta besteirada ainda mais agora... Bem poderia ter sido antes... Beeemmm antes!  Anos de noivado, moramos juntos, casamos e aquele desgraçado! Uma mensagem no whats! UMA MENSAGEM NO MALDITO WHATS...

A palavra mais clichê do universo odiada por 20 em cada 10 mulheres: “tenha calma”... Hum... “Ele merecia” pode desbancar “tenha calma” a qualquer momento e a bandeira da “ódiolândia” vai subir quando a medalha de ouro for conquistada por mérito... Qual seria a música? Claro Ódio da banda Luxúria... É realmente meu castelo caiu, eu cai e estou aqui, mas não vou mais alimentar este ódio, nãonãonãonãonão... Meu estômago dói só de pensar na medalha de bronze “foi melhor assim”...


Por que todo mundo sabe o “melhor” pra gente e a gente não? Quando vou ter coragem de contar para todo mundo, heim? Já não basta minha dor ainda tenho que aguentar a opinião dos outros, a fofocaiada pelas costas, as perguntas... “Sério?!” ou a pior “tem certeza?!”... Aiai quando minha irmã souber... E meus irmãos... Pior vai ser quando meu pai souber... Hum... E minha mãe que gostava mais dele que... Ah, que vontade de gritar todos estes palavrões que você aí conhece... Quanto tempo isso vai durar? Se soubesse seguir só em frente não me perderia nestas ruas escuras... Meu celular acabou a bateria... Droga! Estou perdida!

quinta-feira, agosto 11, 2016

Brinquedo parado



passageiras pessoas pedem perdão para permanecer
partem partes pelo perigo pairando por perecer
em um minuto muito morreu sem ninguém perceber
a vida vai viajando em nuvens em cada entardecer

anoitecem as alianças presas nos dedos sem amanhecer
o tempo é um brinquedo parado sem nos permitir o conhecer

o certo estava errado o errado estava certo tudo pode acontecer

certezas e incertezas são do avesso quando o muro balança ao vento
caem sentimentos no balanço e o coração arruinou todo batimento no chão

abaladas baladas badalam bastante até o instante de derrubar o destino delinquente e se encarar de frente.


(Às 01h12, Rafael Belo, quinta-feira, 11 de agosto de 2016)

quarta-feira, agosto 10, 2016

Abelhas rainhas (miniconto)




Leire estava envergonhada de ouvir. As amigas estavam além do horizonte e ela não queria cortar o efeito do anticoncepcional, então... Enfim... Leire estava tomando diuréticos e isto já cortava os efeitos da pílula, mas a lógica aqui é que ela ficaria bêbada na segunda cerveja, mas como tinha tomado o anticoncepcional o primeiro copo seria o suficiente para ela se declarar bêbada. Queria estar consciente contar a “novidade” para as amigas, mas elas estavam se divertindo tanto que...

Um longo casamento tinha acabado e Leire não queria acabar com a festa também. Mas precisava muito conversar. Não queria um monte de consolos, um monte de opiniões, culpar o outro, não, não e não. Não queria que falassem mal dele. Seu marido tinha sido excelente. Claro que aconteceram discussões, desentendimentos, brigas, coisas normais... Era ela quem tinha decidido seguir, mas nunca tinha falado sobre os problemas com elas, não todos. Ele era o confidente dela também.

Ele foi egoísta, covarde, não quis lutar por nós... Por que estou sorrindo enquanto estou mal e querendo chorar mais do que já chorei. Já chorei demais. Mas por quanto tempo mais vai doer... Não é dor. Já tinha terminado tudo antes de acabar. É esta ausência, este vazio e o orgulho dele. Orgulho, hipocrisia, a ditadura de dizer com quem conversar, o que vestir e mentir, mentir, mentir... Elas estão me encarando... O que disseram? Já lembrei. “Você está estranha... Brigou como marido”... Ah, nossa! Por que eu disse que não queria falar sobre isso? Só cutuquei a colmeia... Agora aguenta as abelhas rainhas...


Aquela noite não terminava... Aquele zumbindo falando de tudo desde o começo com detalhes não contados antes... Por que só confiava totalmente nele? Mas foi um alívio todas estarem pensando em mim. Ninguém disse para eu esperar, recuar, contornar, dar a volta ou passar por cima e parar, não ninguém disse nada disso. Elas me apoiaram para seguir adiante. Vou em frente... Meu celular... Preciso trocar o nome e a música! Por que ele está ligando?! Ah, é mensagem “estou...”  NÃO!! Ele está na porta...

terça-feira, agosto 09, 2016

Vestígios dos destinos



erros barram o caminho um ninho de cobras criadas
sangram picadas mágoas destiladas no tropeço da relação
gelos derretidos no coração antes da jornada terminada
a solidão escolhe muitas estradas não sabemos de nada

caem ciladas celestes como cometas competindo cansados
encolhem encontros enquanto enchem egos estourados
conflitos ditos mitos silenciosamente se calam

as rosam também emudecem raivas falam

devolvendo uma só direção medindo o peso do tempo
quando um só quer sentimento vestígios dos destinos matam.


(às 22h50, Rafael Belo, 08 de agosto de 2016, segunda-feira)

segunda-feira, agosto 08, 2016

Única direção





Retornamos, damos a volta, passamos por cima, recuamos, paramos, mas a única direção para nós é em frente. Vejo as pessoas nas ruas vivendo a mesma rejeição dia-a-dia, a mesma busca e juntos, na ignorância, cometemos os mesmos erros à espera de um resultado diferente. Nossos relacionamentos são assim e, caprichosos que somos, magoamos, transformamos afeto em ódio, mas dificilmente houve Amor realmente. Podemos negar, seguir nos iludindo, porém, no fundo sabemos: Amor se doa, soma, alimenta, incentiva, segue em frente, quer sempre o melhor para o outro e nunca é outra coisa além de Luz. É O verbo transformador.

Adjetivamos os vínculos e as pessoas com a palavra amor como uma imposição, feito uma obrigação para o outro se corresponder. Somos egoístas profissionais prontos a ditar regras e estabelecer ditaduras para prendermos aquela chamada por nós de ser amado. São tantos nãos colecionáveis misturados a uma quantidade de machismo a ponto de obscurecer uma aliança eterna, no entanto, nosso maior erro é exaltarmos nossa ignorância suprema achando ter sido em vão uma relação.

Não há momentos perfeitos feitos de perfeição. Pelo contrário eles são feitos de imperfeições, de recordações, de retribuição e de muita relevância, mas somos extremamente orgulhosos e queremos revanche, justificativas extensas como uma tese de pós-doutorado, um laudo de um perito (vários deles) comprovando a culpa exclusiva do outro e tentamos apagar qualquer vestígios da outra pessoa em nossa vida... É sério mesmo?! Não aprendemos nada em uma relação? Ficantes, enrolados, namorados, noivos, quem mora junta, os das uniões estáveis, casados e os ex para todos...


É muita hipocrisia. Os erros são nossos! Inclusive, este deve ser o principal motivo de ter chegado ao fim este ciclo... O comprometimento e a presença de duas pessoas em um casal é o único motivo do Amor evoluir, permanecer, ser eterno e ter a humildade de ceder, de se desculpar, de ser uma luta diária a dois... O desequilíbrio alimenta o silêncio, a raiva, a mágoa, o afastamento, o desamor e estes sentimentos matam. Escrevi ciclo há algumas palavras porque somos ciclos. Tudo precisa de introdução, vírgulas, pontos finais, mas nem sempre de entendimento, apenas respeito. Nem sempre vamos compreender o tempo...  Início, meio e fim são constantes nas nossas vidas e só podemos seguir em uma direção existente: em frente!

domingo, agosto 07, 2016

A jornada da dúvida (resenha)




Uma viagem histórica pelo início do Cristianismo nos envolvendo nas dúvidas e divisões de maneira forte e incisiva, do monge Hipa. Ele, atormentado pelo demônio Azazel, acaba direcionado por este de Alexandria até a Síria provando das tentações que envergam a retidão e integridade deste religioso médico. A dualidade na personalidade de Hipa faz nossa capacidade de entendimento e reconhecimento neste personagem tenha um elevado grau de envolvimento na história.

Escrita de forma elegantemente simples, Youssef Ziedan, nos leva a percorrer 384 páginas de uma densa questão ainda mais no Egito. Com esta obra o autor premiado venceu o prêmio internacional de ficção árabe e preciso de coragem para introduzir a questão da fraqueza na carne na rígida sociedade egípcia. A busca de conhecimento de Hipa nos leva ao ímpeto de segui-lo e querer saber sempre o que vem em seguida. As interpretações de sinais divinos e as conseqüências.

Há coisas hediondas acontecendo e as amizades poderosas que Hipa faz, assim como os posicionamentos de todas as peças deste tabuleiro destas divisões e dúvidas ainda mais intensas, mais expostas e o que fazer quando depende de si mesmo e de uma resposta clara de Deus? A aventura não é só da mente, do corpo, mas principalmente da alma. Será Azazel mesmo o demônio ou uma criação de Hipa? Talvez seja apenas o confidente esperado pelo monge...

O poder da religião na forma dos bispos, o poder da mulher com os contornos de Martha nas loucuras possível e passível de surgir com ela, além das conseqüências da “liberdade” das mulheres em um tempo tão remoto. Claro, falo de Otávia e cada detalhe da relação a envolvendo com Hipa. O que é fanatismo? O que é puro? O que é maculado? O que é preciso fazer para sobreviver? Quantos segredos fazem o novo pilar do mundo se sustentar?  As vidas tiradas e as tentações nos fazem torcer e chorar pelos magníficos personagens se levantando e caindo ao lado do protagonista desta instigante história que penetra exatamente nos pontos chaves da mente, da alma e do coração. Dê uma oportunidade para esta incrível jornada.
*
Editora Record, Copyright @2009, Título original: Azazeel . Brasil 2015,  tradução: Safa A-C Jubran.

sexta-feira, agosto 05, 2016

A fome (miniconto)




Foi aquele barulho seco de tirar o fôlego e um apagão de dias. Como ainda doíam as costas e era difícil respirar, para Oliva nem um minuto se passara. Ela tentara não pensar o quanto procurou alguém naquele lugar. E qual lugar seria mesmo?Até subir nesta árvore e...  Bem... Oliva estava com medo de se mexer e acabar, bem, sei lá, paraplégica! É este o resultado de incontáveis horas de tantas séries policiais e médicas! Não mexa na vítima... Não Mexa na vítima... Não mexa Na vítima... Não mexa na Vítima!

Respire devagar pela boca. Lentamente. Se acalme pelo amor de Deus. Bom, estou sendo paranóica, mas posso continuar assim... É, vou continuar assim mais um tempinho. Até que o vento nestas folhas acalma... Esta é uma bela árvore e este cheiro gostoso... Será eucalipto? Esta grama roçando em minhas mãos. Estou cheirando orvalho... É fofo este chão, mas já não sinto nenhuma vontade de me mexer. Céu azul com boas nuvens! Esse azul, esse branco, esse verde... Tudo se mistura.

Qual...? Qual a altura certa para cair? Não sei... Não sei mais... Não sei mais sentir... Quem caiu foi meu coração eu... Eu apenas me deixei ir junto. Eu cedi. Justo eu. Oliva Partem. Hum... Fuuuu... Diz-me o motivo de um pós-doutorado agora? Heim!? Cuidar de um monte de mentes sem propósito, sem saber ao menos quem são? Cultivando sofrimentos, bebendo todas... É assim que eles dizem, não é? É, tenho certeza... Parece óbvio, psicológico, natural... É isso...! A palavra é natural...


Natural e lógico. Deitados nos revelamos! É quase possível sentir a verdade disso! Estou me arrepiando toda, estou sorrindo... Rá! Se alguém visse isso agora. Libertador,  Libertador... Deixe eu tomar fôlego desta crise de riso... Quantas eu tive na vida afinal? Se meus pacientes soubessem que eu penso “rá”... Será preciso mesmo descobrir onde estamos ou só para onde queremos ir?Estou sentindo esta grama fresca... Ééééé o corpo todo pode sentir. Posso tirar toda esta... Escuridão...

Nãoo, piegas demais, melhor tirar toda esta importância da realidade. Vou ficar aqui até não aguentar mais de fome...Espere um minuto! Não vai passar ninguém aqui?! Por que eles não estão me procurando?! Onde estou mesmo?! Vou voltar a dar importância à realidade e...Ah,reação física, sentimentos... Como estou faminta! Com isto eu posso me conectar!

quinta-feira, agosto 04, 2016

Sinais juvenis



labaredas lambem loucamente frios corações
congelados cinzas lentamente letais
latejando ainda senis sentimentalidades surradas
amarradas amargamente apertadas em sinais juvenis do esquecimento

foge o momento no sopro de agosto

emoções fabricadas não adiantam mais
substitutos se disfarçam de principais
línguas mordidas imitam sorrisos fatais
lábios umedecidos vendidos por desejo sangram nos jornais

está tão escuro nestes dias sem fim eles se misturam e tudo acaba no jamais assim.


(Rafael Belo, às 19h, quarta-feira, 04 de agosto de 2015)

quarta-feira, agosto 03, 2016

Só cinzas (miniconto)



Estava vazio lá fora. A casa também não tinha nada e não deveria ter ninguém.  Os silêncios se cruzavam dentro, fora, tropeçavam uns nos outros em todas suas incontáveis formas. Dava vontade de tapar os ouvidos e sair correndo sem rumo, esquecer tudo, começar de novo... Ciana se sentia um pêndulo balançando em um ritmo irritante do sol do meio-dia para um eclipse total sem estrelas, do sol do meio-dia para um eclipse total sem estrelas, do sol do meio-dia para um eclipse total...

Ela sentia calor e frio, mas suas emoções estavam condenadas como esta casa. Se houvesse alguém na rua não perceberia nada. Parecia nova, bela e um ótimo lugar para morar, mas havia uma opressão por dentro, sabe? Como se caíssemos em buraco e uma pedra de 50 kg caísse também. Ficamos sustentando e pequenas pedras menores, menos pesadas, vão se acumulando em cima, até... Vamos cansando, porém, se nos entregarmos morremos... Está faltando o ar. Por que vim parar aqui?! Só há cinzas neste lugar agora.

Consigo ver cada móvel imóvel onde deveria estar... Ali... Qual o motivo de um espelho ter sobrevivido intacto a esta destruição? Só posso rir desta aparência, mas não vou quebrar este silêncio nem tocá-lo. Engraçado é ele não preencher este vazio e estar por toda parte. Quem sabe está com meu coração perdido e calado. É! Foi isso. Esta casa sou eu. Isso me atraiu até aqui. Não era o que eu esperava quando sai procurando sons e significados pela manhã muda. Serei eu surda?

Mais uma vez Ciana, mais uma vez... Não resisto a esta atração no horizonte. A este chamado para a vida. Escute, você não está surda... Nunca direi nada disso em voz alta. Vou continuar a evitar o inevitável e ficar olhando para fora. Há um lindo incêndio terminando no céu... Quem sabe eu queime e dê boas-vindas ao fim... Será possível existir doações de sentimentos? Será difícil sorrir? Não deve ser impossível morrer e nascer todo o dia como uma fênix cruzando o céu.

 Estou toda amassada. Sou um rascunho errado à mão e jogado no lixo. Hey! Talvez eu seja uma fagulha esquecida deste fim de dia, esta fênix da encruzilhada ou uma lâmpada queimada. Estou apagada. Vou sair pela janela e quem sabe mudar ou acender. Mas seu puder sentir... Que eu comece a sentir agora! Desculpem... Ciana foi engolida pelo silêncio que já havia devorado todos nós. Ela saiu em direção ao horizonte e olhou para trás tentando enxergar a casa... Então, finalmente tudo estava vazio. Só havia cinzas.

terça-feira, agosto 02, 2016

O avesso do sentimento



espalham as cinzas com o sopro de fogo da fênix
só sobrou seu silêncio solitário na encruzilhada
a emoção equivocada se manifesta na expressão errada
chorar na hora de rir misturar o que fez com o que fiz
bem-vindos ao fim da nova realidade da Matrix

enchendo o vazio com o tecnológico na errata
o tempo lógico inverte os cronológicos  juvenis
os sete erros do espelhos não nos diz nada
sai sempre substituindo sentimentos senis
por ser feliz em  mais uma metáfora  quebrada.


(Rafael Belo, às 22h15, segunda-feira, 1º de agosto de 2016)

segunda-feira, agosto 01, 2016

Anúncios imperiais diários


La fora os anúncios são tantos. Ainda vende-se de tudo... Dia desses, parado ali na Rua 13 de maio com a Avenida Fernando Corrêa da Costa, aliás, a data é uma das mais importantes mesmo com o Brasil sendo o último país americano a criá-la e um dos últimos do mundo, a Abolição da Escravatura é a famosa Lei Áurea, mas o real nome da Lei de Ouro é Lei João Alfredo (este que foi, entre diversos cargos políticos, primeiro-ministro imperial, e um dos responsáveis pelo registro civil brasileiro e todas as leis que libertaram os negros)... Enfim, o dia histórico se encontra ali com Fernando.

 Fernando foi médico e político antes de Mato Grosso do Sul se separar de Mato Grosso e morreu dez anos depois aos 84 anos. Ele foi prefeito de Campo Grande por cinco anos, depois foi governador e senador, mas o que o fez ser o nome desta avenida foi seu trabalho como o cirurgião que era. Em 1927, quando se mudou para Campo Grande, pegava seu Ford Bigode para atender os campo-grandenses a qualquer hora e lugar sem distinção social, tratava todos igualmente... Parece que temos um histórico de médicos prefeitos por aqui, mas sem todas as qualidades deste. Para juntar esta avenida com aquela rua, precisamos falar da regente temporária, princesa Isabel e seus 11 nomes. Ela enviou uma carta para Europa onde o imperador Dom Pedro I, tratava da saúde.

“Papai, libertei os escravos, mas acho que vão depor a gente mesmo assim.” A inocência da princesa em achar serem os escravos independentes o suficiente (conhecimento intelectual, político, assalariado, escolaridade, saber o que fazer com a liberdade...) para reconhecerem a força da união e influenciarem na continuidade do imperialismo e ser inocente o bastante para pensar não serem os títulos, cargos e dinheiro donos dos rumos do país. Cheguei até aquele cruzamento pensando sobre estes fatos históricos durante a espera do verde no sinal de três tempos, recebi seis panfletos e um bem-humorado “enchemos você de papel, né?!” da última.

Calor infernal era eufemismo para aquele dia. Mas, eles se divertiam mesmo sendo mais um trabalho escravo. Mais um? Você me pergunta, claro! Como sinhorzinhos e escravos de nós mesmos ajudamos a criar os anúncios imperiais diários ignorando a história e a vida das pessoas ou apenas dando importância enquanto não aparece um fato novo para mudar o foco “do importante”... Opa! Estão tentando me vender água, ainda bem que o motorista de trás comprou.


Voltando, o que quero dizer é: somos escravos da tecnologia, da tentativa de ser eternamente jovens, agradáveis com padrões de beleza e aceitos por toda parte, por todo mundo só para acabarmos anunciando “Necessita-se de emoção urgente”, “Precisa-se de quem é capaz de se preocupar mais com os outros”, “Procura-se respeitar a si mesmo e tratar os outros de igual forma” e “Perdi a inocência. Quem achá-la, favor trazê-la com a receita da verdadeira liberdade e alguma forma de dar a mesma oportunidade para todos”. Vê? Não são os panfletos que nos enchem, somos nós que esvaziamos nossa alma e nos achamos cheios das coisas erradas.