quarta-feira, agosto 24, 2016

Reconhecimento (miniconto)




Jeana estava fazendo o que muitos de nós já fizemos. Ela encarava as horas esperando e esperando e... Ora olhava para o relógio na parede, ora para o relógio (raro) de pulso, ora para o celular, ora para o notebook, ora para a televisão... Todos mostrando tudo passar, mas com o clima mudando ela temia ficar presa, por isso, a ansiedade. A tempestade anunciava acabara de despencar e soprar e soprar e... O calor agora era frio. Agora? J sentia calafrios o dia inteiro e não era o vento veloz.

Aonde está o agora? Busco algo infinito, mas só se repete como uma urgência e é a sequência de agoras me cercando sem eu ao menos perceber antes de ser tarde demais. Pronto passou mais um e essa é minha vida a todo o momento. Gostaria de entender este retorno ao zero em várias medidas de tempo... Tempo?! Do tempo só lembrava ser aquele que cura ou seria aquele que não espera ninguém?

Qual a medida do tempo, afinal? Um monte de agoras? Quando meu agora acontecerá? Há um agora depois? Antes também é agora? O agora é igual para todo mundo? Eu tenho um agora especial? Devo estar parecendo uma louca! Balançando a cabeça, olhando para todos os tipos de horas, mordendo os lábios, emaranhando meus dedos nos meus cabelos como... Como... Ah, não...! Como um relógio. Repetindo, repetindo e repetindo e...


Não consigo acompanhar meus próprios pensamentos e agora ainda tenho que caminhar em círculos... Ótimo! Todos me olhando... Não acompanho a passagem das horas... Quando preciso de rapidez demora, quando quero lentidão voa... Ah, vou sair daqui e meu agora não chega. Quando chegar... Quando chegar serei meu próprio tempo por tempo indeterminado. Meu agora vai me reconhecer? Eu vou me reconhecer? O tempo saberá realmente me dizer? Lá fora a tempestade vai passar e aqui... Vou lá ver se as flores vão sobreviver e os troncos secar, só não sei se será agora.

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