Os
fins de semana nunca são comuns. Ao menos é a nossa esperança. Nem que seja
necessário apenas para repor as energias, ter um tempo para nós mesmos e para
quem amamos ou simplesmente já ser clichê desejar a sua vinda e seu
prolongamento. Segunda-feira só é maltratada por isso, mas quero falar de sábado
à noite.
Já
canta Toni Garrido (Cidade Negra) e Lulu (Santos) que “todo mundo espera alguma coisa de um sábado à noite, bem no fundo todo
mundo quer zoar, todo mundo sonha em ter uma vida boa, sábado à noite tudo pode
mudar”. Tinha planos de casal em ação. Olhei para todos os lados e não
havia ninguém, quando antes de atravessar a via um morador de rua me parou.
Encarava-me
com seus olhos límpidos e azuis. É bom lembrar que a sensação térmica estava
entre 13º e 14º, mas ele não tremia. Contava sua vida, do preconceito das
pessoas com moradores de ruas e da sina terrível que é morar na rua – sina esta
pesando também sob o filho dele. Enfatizou muito que não bebia. Várias vezes o
disse e ele não fedia nem a ausência de banho.
Barbado,
sincero e sorridente – vestindo um boné, roupas limpas, porém puídas e um
mochila pequena de pano mostarda envelhecido - apenas me pediu para comprar
algo para ele comer. Pedi para esperar, atravessei a rua e enquanto comprava
uma pizza olhei novamente para toda parte e não o vi. Desatravessei a rua ainda
o procurando só o vi depois de o escutar. “Não me viu é?”, perguntou rindo de
mim. Não, não o tinha visto...
Não
sei se fui eu quem o alimentou ou ao contrário, mas ele me agradeceu, apertou
enfaticamente minha mão, perguntou meu nome (mas não disse o dele, mesmo eu me sentido familiarizado e que realmente o conhecia), o que eu estudava, me desejou coisas
boas em diversas áreas, além de falar do poder de Deus em minha vida e depois
foi embora fisicamente sem sair até agora dos meus pensamentos, afinal milagres
acontecem a todo momento sem percebermos.
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