quarta-feira, outubro 21, 2015

Perda de si (parte 1)


Se pudesse ao menos enxergar... Caso houvesse grau para definir a densidade da escuridão esta seria a máxima, mas o pior é a sensação de perda e vazio gritando. Nada era conhecido... Diversas palavras levemente vagas rodavam na mente, porém não se fixavam a definição a qual pertenciam fosse vivo ou não. Não parecia haver retorno algum e não sentia vontade de retornar.

Chegando ao local de tirar o desaperto havia algo repetindo tudo o que fazia, mas não havia o estranhamento de nada, não era desconhecimento era... Falta de identificação. Fora desconectado de tudo... Inclusive... Daquela... – Desta imagem... – Este sou eu?, se perguntava, ou perguntava ao espelho, trocando o peso do corpo de uma perna para outra.

- Quem sou eu? Foi minha segunda pergunta depois viria onde estou... Enquanto passava pelo próprio interrogatório me distanciava para tentar compreender como poderia pensar e o máximo que consegui recordar foi de alguns instantes. Quando abri os olhos não havia nada, zero... Ouvia apenas a respiração... Se não fosse involuntária estaria respirando?

Os batimentos cardíacos ecoavam em meus ouvidos. Não havia pensamentos, palavras nem necessidade deles. Aos poucos teto-parede-janela-escuridão-maciez-cama se formavam na mente palavra e imagem, mas... Mas se apontassem uma cadeira e dissessem “é uma cortina”, cortina seria.


Sentando com a cabeça pesada fazendo um oito no ar a procura de equilíbrio, caiu de joelhos, se arrastou começou a engatinhar. (c0ntinua...)

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