Corri
e todos corriam mais até que o sol correu um terço do céu. Ninguém se aguentava
e da mesma forma o vazio mental não permitia uma explicação para a correria. Olhavam
para seus reflexos no lago onde agora estavam antes mesmo de matarem a sede. Não
ventava. A água límpida refletia o céu de brigadeiro. O espelho natural de
narciso nada significava para eles, pude perceber de imediato.
Começaram
a medir os rostos uns dos outros e aqui estamos nós a maior multidão de anônimos
que já existiu. – O que foi que
aconteceu? Foi a primeira sentença dita por todos eles ao mesmo tempo. Depois
riram incontrolavelmente. Risadas nervosas, finalmente revelando uma situação
assustadora. Mas, eles não estavam assustados de verdade e nem eu...!
Os
relatos e as buscas minuciosas apontam a ausência de qualquer tipo de documentos
de identificação. Nem sequer menção de qualquer fato capaz de nos dar uma pista
aparecia nas buscas virtuais e, o mais estranho, não existiam mídias digitais. Se
bem... Bem eu não conhecia nenhuma, mas tenho certeza... A humanidade confundia
quem era, entre outras coisas... Será uma lembrança?
Estamos
nós aqui. Um amontoado de alguém pensando ser ninguém. Sem sequer uma alma
para mandar em nós, com vontade de nos moldar... Não há nada somado com coisa
nenhuma, zero de informações, só animais... Retomando o mundo. Seria algo entre eles e nós? Qual ano estamos? Quem somos nós?
O medo
se foi com a identidade de cada um e os animais também pareciam não o ter mais,
aliás estavam nos ignorando dolorosamente.... Olhando bem eram realmente belos
milagres de Deus. Deus? Uma oração de agradecimento surgiu em minha mente,
fechei os olhos um instante e no seguinte o abri. Por que todos me imitavam? Fechei
os olhos novamente e segui pensando que nem sempre perder a si é ruim.
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