La fora os anúncios
são tantos. Ainda vende-se de tudo... Dia desses, parado ali na Rua 13 de maio
com a Avenida Fernando Corrêa da Costa, aliás, a data é uma das mais importantes
mesmo com o Brasil sendo o último país americano a criá-la e um dos últimos do mundo,
a Abolição da Escravatura é a famosa Lei Áurea, mas o real nome da Lei de Ouro é
Lei João Alfredo (este que foi, entre diversos cargos políticos, primeiro-ministro
imperial, e um dos responsáveis pelo registro civil brasileiro e todas as leis
que libertaram os negros)... Enfim, o dia histórico se encontra ali com
Fernando.
Fernando foi médico e político antes de Mato
Grosso do Sul se separar de Mato Grosso e morreu dez anos depois aos 84 anos. Ele
foi prefeito de Campo Grande por cinco anos, depois foi governador e senador,
mas o que o fez ser o nome desta avenida foi seu trabalho como o cirurgião que
era. Em 1927, quando se mudou para Campo Grande, pegava seu Ford Bigode para
atender os campo-grandenses a qualquer hora e lugar sem distinção social, tratava
todos igualmente... Parece que temos um histórico de médicos prefeitos por aqui,
mas sem todas as qualidades deste. Para juntar esta avenida com aquela rua, precisamos
falar da regente temporária, princesa Isabel e seus 11 nomes. Ela enviou uma
carta para Europa onde o imperador Dom Pedro I, tratava da saúde.
“Papai, libertei os escravos, mas acho que vão
depor a gente mesmo assim.” A inocência da princesa em achar serem os escravos
independentes o suficiente (conhecimento intelectual, político, assalariado, escolaridade,
saber o que fazer com a liberdade...) para reconhecerem a força da união e influenciarem
na continuidade do imperialismo e ser inocente o bastante para pensar não serem
os títulos, cargos e dinheiro donos dos rumos do país. Cheguei até aquele
cruzamento pensando sobre estes fatos históricos durante a espera do verde no
sinal de três tempos, recebi seis panfletos e um bem-humorado “enchemos você de
papel, né?!” da última.
Calor infernal era
eufemismo para aquele dia. Mas, eles se divertiam mesmo sendo mais um trabalho
escravo. Mais um? Você me pergunta, claro! Como sinhorzinhos e escravos de nós mesmos ajudamos a criar os anúncios
imperiais diários ignorando a história e a vida das pessoas ou apenas dando
importância enquanto não aparece um fato novo para mudar o foco “do importante”...
Opa! Estão tentando me vender água, ainda bem que o motorista de trás comprou.
Voltando, o que quero
dizer é: somos escravos da tecnologia, da tentativa de ser eternamente jovens,
agradáveis com padrões de beleza e aceitos por toda parte, por todo mundo só
para acabarmos anunciando “Necessita-se de emoção urgente”, “Precisa-se de quem
é capaz de se preocupar mais com os outros”, “Procura-se respeitar a si mesmo e
tratar os outros de igual forma” e “Perdi a inocência. Quem achá-la, favor
trazê-la com a receita da verdadeira liberdade e alguma forma de dar a mesma
oportunidade para todos”. Vê? Não são os panfletos que nos enchem, somos nós
que esvaziamos nossa alma e nos achamos cheios das coisas erradas.
3 comentários:
Puxa vida!!!! Q aula de história fantástica......adorei o texto....meu carro tb se enche de panfletos todos os dias.....
Valeu primo. Bom te ver por aqui :D
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