quarta-feira, abril 18, 2018

minha versão de mim (miniconto)




por Rafael Belo



Não aguentei minhas pernas e cai sentada. Bem na porta de casa. Já a tinha aberto só não entrara. Corri até ali de mim mesma. Mas, era lógico que me alcançaria. Louca e morta? Toda torta! Eu estava fugindo de mim há tanto tempo e quando ouvi mais uma versão da Terceira Guerra Mundial, esta tal guerra química me perdi. Dois lados da mesma moeda da manipulação brincando de mocinho e bandido com nossas vidas. As pessoas simplesmente se afastaram e sacaram seus smartphones enquanto eu corria desesperada. Agora devo ser algum meme novo. Estou pensando em tudo que aconteceu para eu chegar até aqui. Mas, não me enxergo. Sou uma porção de dúvidas servida fria. Quem diria que eu terminaria assim? Ou estou começando… Realmente estou surtando. Meus eus estão em greve…


Existe greve de identidade? Qual a gravidade? Talvez eu seja uma especulação do que seria ou deveria ser ou serei... Sou medo e insegurança e não consigo me livrar deles. Desconheço a esperança… Talvez nem seja eu e sim uma protuberância que nasceu sob a pele de quem fui. É como se eu dissesse: “Ah, garota! Quem é você mesmo?” . Alguém sabe me dizer porque eu estou chorando, vê?! E não, não são hormônios!

Devo estar chorando por tudo parado aqui comigo na minha porta e na insistência de repetir de todas as formas possíveis para depois seguir carregando tudo isso nas minhas costas não tão largas. Tenho vontade de dizer me larga, mas nem identifiquei ainda tudo isso carregado... por isso, corri até aqui… Eu acho… Enfim, não sei se passo realmente por esta porta. É possível que eu nunca tenha passado por nada e ainda esteja lá, em algum lugar do passado.

Por isso, ando em círculos quando saio do lugar. De outra forma, veja! Não há porta mais. É uma parede deteriorando pelo tempo desperdiçado. Fico batendo nesta parede e minha memória se vai. Ela bate e cai. Depois da dor das batidas eu acabo vendo uma porta e aí a dúvida volta direto para se eu já passei por ela, se ela ainda vai existir… No fim não sei se a parede é o fim, uma indicação, meu castigo ou se preciso derrubá-la. Ei! Eu posso ser a parede se no caso paredes pensassem… Será esta minha versão da guerra?

Nenhum comentário: