Os soluços não foram
engolidos. Simplesmente pararam. Suas faces vermelhas estavam inchadas como
seus olhos. Havia aquela sensação de leveza, mas ele sentia não ser suficiente.
Chorar não era suficiente. Sentir não bastava. Falar era apenas terapia para a
mente e até relaxava o corpo... No entanto, Clóvis quase sentia ser questão de
vida ou voltar a ser zumbi e isto... Ah, isto já começava a dar pânico em Clóvis
até o abominável suicídio fez uma visita oportuna a sua mente. Rápida. Perturbadora.
Sem som, sem vontade própria. Então, Clóvis se levantou e se deu conta: precisava
agir já.
Clóvis lembrava
lamentos, mas não se lamentava. Agora, enquanto agia freneticamente. Já visualizava
seu futuro. Nada de se instalar permanentemente. Seu lar estava limpo. Era um
templo. Podia ouvir tudo. De qualquer plano... Sentia-se protegido e
encorajado. Estava lado a lado com seus sonhos e, sabia, seriam realizados cada
um ao seu tempo. Bastava seguir agindo sem parar... Parar, pararia, mas apenas
para ouvir e Clóvis queria ouvir muito, portanto seu modo de ação seria diverso.
Queria muito também o silêncio e, para isto, precisava plantar mais paz.
Paz estava em
repartir, compartilhar. Clóvis distribuía rosas e abraços. Os abraços eram para
todos as rosas para as mulheres. Gostava de ver surpresa e gratidão nas
pessoas. Mas, o atraia mesmo os sorrisos. Eram tão autênticos e luminosos... O
faziam chorar. Seu choro alegre comovia e as pessoas também reagiam a isto. Ele
só pensava uma coisa: este foi o dinheiro
mais bem gasto da minha vida. Este sim é um investimento. Na sensação das
pessoas... Este vislumbre de felicidade desamarrando rostos e reproduzindo
alegria. O primeiro bom espelho...
Em busca de ser o
distribuidor dos bons espelhos, saia atento às ruas. Queria se livrar dos bens.
Mas não queria mídia. Nada da imprensa no seu encalço. Afinal, bem feitores
deve ser anônimos. Bem fez. Clóvis não precisava se identificar e nem queria. Poucos
entendiam seu desprendimento. Mas havia quem bem entendesse. Em pouco tempo
virou lenda urbana. Diziam por aí existir um pessoa com um aura feita para
fazer sorrir e ela sabia de alguma forma a necessidade de cada um e ele tirava
dele próprio. Assim, realmente era Clóvis, a matriz dos bons espelhos. Refletia
luz e dropes de alegria. Morava em si mesmo e no coração as pessoas.
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