por Rafael Belo
Neuróticos
histéricos anônimos se reuniam diariamente, afinal tinham apenas uns aos outros
exatamente pelos nervos à flor da pele e a histeria completa. A desordem generalizada
não interfere nos pensamentos deles. Irritados com tudo, mas pensando
racionalmente. Agitados, passíveis, intranquilos, porém há a paralisia, a
cegueira, a surdez, a mudez, enfim a nudez.
Todos
os moldes e regras sociais saem anonimamente pela língua destravada como um
vírus transmitido pelo ar contaminando o mundo exalando suas neuroses e
histerias. Tornam-se anônimos inconscientes difamadores. Na alvorada, ao invés
de debandar, os pássaros silenciam como cada som surgindo manhã após manhã
agradecendo mais uma oportunidade de recomeços. Apenas Luna Luanda desperta ao pisar
em um rosto caído...
Solta
um grito longo e capaz de estilhaçar taças de cristais legítimos, mas comum e
entediante para neuróticos histéricos. Trombando e sendo coberta de indizíveis impropérios
ainda não registrados por aqueles que ainda podiam falar. Desequilibrada corta
cada vez mais as solas dos pés. Há rostos espalhados por todos os lugares...
Não
há grama, terra, asfalto só faces etiquetadas com preços sobre preços cada vez
mais altos, marcados com apelidos pejorativos, preconceitos linguísticos, classicistas,
literais, visuais, capilares, gestuais, vestuários, comportamentais... Depois
de um tempo sendo esculhambada os ainda falantes perderam este sentido. A paralisia
afetou o último estágio e a língua parou....
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