por
Rafael Belo
Os fogos estouram lá
fora como a ilusão da alegria de domingo de jogo, os cães se acuam com medo
mortal das explosões antes que a segunda-feira chegue decretando o fim do
feriadão e o início de mais uma semana de trabalho. Bom, é segunda-feira na
expectativa de novas manifestações, novos congestionamentos e mais deseducação espalhadas
no círculo viciante da vida.
Viciosa maneira canina
de tentarmos morder nossa própria cauda e girarmos, girarmos em rotação e translação
seguindo um sistema geográfico de posicionamento fora de órbita na lógica sem
argumento, sem profundidade e mesmo assim nos tornando uma areia movediça de
palavras erradas e gestos repetidos em um enlouquecedor déjà vu.
Provavelmente já vimos
e fazemos e o faremos de novo, mas seguimos nos movimentando desesperadamente e
afundando para uma morte medíocre. Não paramos para prestar atenção no outro e
ajudamos a empurrá-lo mais para baixo enquanto há quem o empurre em nossa
direção. Baste ver o ônibus nos horários de pico, trens e metrôs em dias de
manifestação...
Mesmo sabendo que as portas
não fecham enquanto alguém estiver nelas, há empurra-empurra desnecessário e
uma total descortesia. Falta gentileza nas pessoas, sobra medo e estamos
empanturrados de egoísmos. Achamos nossa dor ser maior, nossa reclamação ser
mais justa, nossa pressa ter justificativa e se todos, ou a maioria, pensamos
(pensa) assim, sabemos porque as órbitas só vivem em colisão.
Um comentário:
'achamos nossa dor maior"......o egoísmo nos faz pensar e agir como únicos na rotação da vida....infelizmente.....parabéns pelo texto. Mosb
Postar um comentário