sexta-feira, janeiro 13, 2017

Quando tudo está perdido (miniconto)




por Rafael Belo

Ijara nunca teve superstições nem crendices. Acreditava no que via e tocava igual qual Jó. Tudo bem, alguém precisava ser desta maneira... Mas, neste dia 13, sexta-feira 13, normalmente seria mais um dia comum... Hum... Normalmente. Tudo de 2016 havia deixados marcas terríveis e profundas provocando terrores noturnos em Ijara. Ela estava quebrada. Corpo, mente, coração e nada, nada mesmo tirava da cabeça desta pessoa que a primeira sexta-feira 13 do ano faria juz aos clichês, superstições, crendices populares e cada lenda urbana.

Deveria mudar meu nome para Murphy. Pelo menos teria a vantagem de ter minha própria lei: se algo tiver que dar errado, dará. Ah, com certeza deu! Já passei dos 30 faz tempo. Não tenho família que preste, meus amigos já têm muitos problemas, homens... Enfim, diz por si só. A última coisa de minha posse, de minha propriedade... Era o carro... Primeiro ele me quebra, depois ele quebra e me quebra mais ainda e agora... Ah, engole o choro... Não vou chorar! Se tudo está tão ruim vou ser ainda pior!

Faltam poucas horas para amanhecer e lá vem à alvorada dar na minha cara... Humm! Ei! Está úmido e nublado... Não acredito que vai... ISSO! Be-le-za!!! Fiquei p da vida agora!! Mais!! Já não sei onde morar... Não tenho, Né?! Agora estou instantaneamente encharcada e uns dez quilos mais gorda. Aff! Ninguém merece! Não algumas pessoas merecem sim e até pior. Olha... A toda certinha da Sauna tão longe... Reconheço só pelo jeito Popozuda de andar... Se bem que pode não ser ela, nunca a vi correr desesperada desse jeito...Nunca a vi correr. Ah, está de brincadeira... Quem disse que nunca tem uma viatura policial quando precisa. Vixi! Ela desabou! Ei! Espera! A Murphy aqui sou eu. Ela é tio Patinhas com Gastão!


Problema dela! Tenho os meus a resolver. Pelo menos distrai um instante para ter toda a eternidade para me concentrar nesta vingança. Mas, vou me vingar de quem?! Da vida? Ah, isso só pode ser uma pegadinha sem fim... Cadê as câmeras?! Quem eu estou querendo enganar?! É uma piada que se repete e repete e repete até alguém achar graça. Uau! Que ideia brilhante! Sou uma gênia mesmo! Se eu roubar dos políticos vou fazer justiça e bem... Não seria roubar, seria? Hora de aproveitar minha prática em t.i e programação... Preciso só de um notebook e de uma casa. Sei do político ideal. Rá! Quem estou enganando! Não há políticos ideais!!