quarta-feira, maio 17, 2017

O assediador (miniconto)





por Rafael Belo

Eu sou cinéfila. Sempre me imagino participando de um filme com a trilha sonora do Paralamas do Sucesso. Sabe aquela música, Ska? “ A vida não é um filme você não entendeu...” Então, Eu, Cineli Film, sou fã das ironias da vida. Adoro um paradoxo e vivo dizendo ser uma contradição ambulante. Aí me questionam: não é metamorfose ambulante? . Véi! De boa mesmo! Não corrige o que você não sabe. Eu gosto do Raulzito, mas estou falando da minha vida. Eu prefiro ser uma contradição ambulante. Aliás, os filmes me levaram a leitura. Sabe? Queria saber de onde vinham as inspirações e tal.

Mergulhei de vez neste mundo e não, eu não espero fidelidade cinematográfica a tudo literário. São universos totalmente diferentes. Tudo isso me ocasionou esta mesclagem linguística. Eu adapto minha língua a qualquer tribo. Gosto, claro, de passear por bocas... Esta ficando muito íntimo isso... Comecei a escrever para dizer não ao Um Dia de Fúria. Sabe? Aquele clássico do cinema? Enfim, assista. Voltando... Eu não vou permitir ninguém interferir na minha paz. Não mesmo! Nem pensar! Pode ser o patrão, o chefe, o dono... O Batman com capa e tudo. Não venha gritar comigo.

Foi meu pensamento imediato quando aquele stalker frustrado começou a dar like e encher de smiles minhas fotos nas redes digitais. Fiquei puta. Aí comecei a pensar melhor. Cara! Não! Sai fora! Me deixa! Fica na sua! Quando ele segurou o meu pulso e me levou para frente do escritório falando absurdos e desaforos eu imediatamente peguei meu celular e liguei a câmera. Olhei para todos os lados em busca de apoio físico ou até uma palavra e nada. Mas eu levantei meu celular junto com a luz do flash para não perder nenhum detalhe. Apontei para meu pulso onde ele segurava e ele hesitou.


Olhou ao redor e todos agora faziam como eu. Ele passou a gritar ensandecidamente: demissão! Estão todos demitidos se não baixarem estes celulares e apagarem este vídeo! Agora! Vocês têm três segundos... 1... 2... 3... Ah, não vão, né?!  Ele não tinha largado meu pulso. Agora tentava tirar meu celular de mim. Começou a me arrastar para tentar tirar o celular do funcionário mais próximo. Eu estava fazendo uma Live no Facebook. A transmissão atingiu muita gente. Nunca tinha visto nada viralizar ao vivo... Quando ele apertou mais meu pulso e eu sentia o latejar das minhas veias... Véi! Não pensei duas vezes! Girei o pulso e com todo meu peso tirei meu braço e acertei... Bem... Digamos... Ele não terá mais filhos. Em instantes a polícia chegou e levou o assediador.  Eu pedi demissão.  Não ia ficar em um lugar capaz de contratar pessoas perturbadas daquele jeito.

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