por Rafael Belo
Há um jogo diário sem vencedores
onde obviamente todos saem perdedores de cada partida. Colecionadores de corpos
e vazios olhando sem foco para frente, esperando uma mensagem, esperando chegar
um whatsapp... Há muita verdade em fazer as coisas com liberdade, sem compromisso
e se apaixonar por quem faz estas coisas contigo. As comédias românticas nos
mostram este óbvio e não vejo erro nisso. Errados somos nós nos omitindo,
mentindo, manipulando a verdade sendo evasivos, evitando dizer a própria vontade
e os reais pensamentos. Este jogo de
paciência é pura aparência sem graça focado na tal da experimentação. É impossível
experimentar de tudo e todos.
Podemos tentar, mas por quanto
tempo? Vamos elaborando vários planos caso o principal não dê certo e, às
vezes, torcemos para dar errado porque aparentemente estamos mais interessados
em um dos outros planos. Mas, esta coleção de crushs é desgastante e também se desgasta. São pessoas aptas a
arriscar, mas nem sempre prolongar os riscos. Parece ser o risco maior se
apegar, se apaixonar... Mas sem se apegar e se apaixonar nos resta... Nada! Nada
além de uma falsa sensação de controle. Os relacionamentos começam e terminam
com os controladores descontrolados, com arrogantes humildes humilhados, com herois
vitimas bandidos, com quem não se machuca ferido, egos estourados e um monte de
trapo fingindo força. É isso?
Assim é fácil acabar descrente,
radical... Esvaziar, desconstruir o Amor e o transformar e moeda de barganha...
Uma hora ou outra, precisamos sim de uma pessoa muito próxima para nos
mantermos inteiros como nascemos. Sem isso vamos despedaçando o coração e
espalhando ele para o primeiro carinho, a primeira atenção, o primeiro elogio,
àquelas máscaras de ceras de Gepeto... Somos feitos de poeira e infelizes como
jogar o peso da felicidade no outro? Qual tipo de louco nós somos? Não dos melhores. Parecemos bonzinhos, mas
somos sadomasoquistas, ativistas de socar pontas de facas, bater a cara no muro
e cutucar cada ferida até virar infecção.
Exaltamos nossa solidão, mas temos
medo de ficar sozinhos e vamos sugando uns aos outros esvaziando a alma
soltando os pedaços costurados do coração porque também temos medo de nos
machucar, de dar errado... Como somos medrosos e profetas da antecipação. Vampiros
da expectativa... Para onde vamos com tanto medo e desconfiança? Para o lugar
onde não queremos: a dor e abandono. Ainda assim falamos com orgulho de nossa independência,
das vantagens de não ter ninguém a quem responder. Mas quando surge alguém
arrebatando quem somos, realmente abandonamos todas estas nossas defesas e
desculpas ou seguimos lutando e fingindo ser muito bom acordar sem ninguém sequer
para desejar bom dia?
Um comentário:
....exaltamos nossa solidão , mas temos medo de ficar sozinho!... Verdadeiro# solidão...dificil ficar só!
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