por Rafael Belo
Vejo
as coisas pela metade não tenho idade para sair pela cidade. Minha sanidade não
tem lugar. Minha mentalidade ninguém pode alcançar. Há uma insanidade apontada
nas ruas e eu vejo da lua o quanto as pessoas estão nuas. Da lua também vejo as
ruas... Estou em mais de um lugar. Não são minhas ideias ou suas. São duas ao
mesmo tempo. São do livramento. Um conflito sem entendimento. Personalidades opostas
na dualidade interna de mim mesmo. Sinto-me um nevoeiro cobrindo o mundo. Não há
superfície nem fundo e vou a um mergulho em um submundo tão particular a ponto
de me faltar ar.
Tenho
água por todas as partes, não vejo como chegar a minha superfície. Sou estandartes
dos seres do mar. Sou imensa uma baleia azul encalhada em mim mesma. Não tenho
nome, não tenho fome, mas há um sobrenome insistindo em me levar pelas ondas
deste meu mar. Talvez eu seja a anaconda da lenda engolindo tudo, mas me sinto
mesmo uma serpente qualquer querendo trocar de pele, trocar quem me adere, mas quem
me fere mais sou eu... Preciso me trocar somente e qual a melhor forma de ser
diferente, adstringente, inconsequente, resiliente, independente?
Renascer.
Querer ser novo. Sentir outra dor e ser outro eu... Não! Um novo eu! Não preciso
sair do meu corpo, arrancar meu cérebro, me matar... Quero saber lidar... Com esta
dor de ser! Não vou deixar me manipular. Está ouvindo? Não vou!!! Minha vida
pode não ser nada, mas não vou me suicidar... Não vou por esta saída inacabada.
Preciso focar, encontrar outra estrada e construir minha própria jornada. Preciso
desabafar! Ouça-me! Dê-me atenção por um minuto. Saia desta sua bolha de ilusão
acústica, se livre desta tua mentalidade rústica da facilidade da vida. Nestas idas
e vindas já deveria saber sobre a diversidade dos ângulos desta tal verdade...
Mas
será vaidade achar: vai me escutar? Quero viver! Entrosar e desentrosar quando
quiser. Não venha me questionar, mas pode conversar, perguntar, quem sabe
acredite se importar? Genuinidade pode parecer ingenuidade, mas as aparências
ainda seguem sem ser realidade. É tudo tua mentalidade distorcida pela
singularidade da sua vida, pelas suas escolhas oferecidas, às vezes a frieza é
bem-vinda, necessária, porém, prefiro coisas aquecidas ou entretidas para se
aquecer. Lá vem o amanhecer destes dias frios. Deixe- me enlouquecer mais uma
vez. Vou nua nestas geladas águas para despertar esta minha vontade de não
fazer nada, de ser mais uma escrava da fonte desativada... Vou ativar o céu
avistado em mim mesmo estando nublado.
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