sexta-feira, abril 21, 2017

A melhor de todos os tempos (miniconto)





por Rafael Belo

De repente estava toda bloqueada. Não via mais aquela pessoa com hora marcada. Nem virtualmente ela existia mais. Não sabia o motivo e nem queria saber. Era de olhar para frente e só. Elangela não carregava nada com ela. Sua bagagem era a alma e o coração livres. Quando amasse uma pessoa ainda assim seria livre, aliás seria mais livre. Assim pensava e assim agia. Por isso, mudou os rumos quando o encontro marcado se perdeu horas antes de acontecer. Foi um achado sair sozinha e encontrar uma oferta do Destino. Nunca bastou querer para dar certo, ela pensou. Mas insistir no seu acreditar e capacitar o mundo para te receber é o suficiente, sorriu sozinha.

Sou atriz e “de repente” descubro alguém influente assistindo minhas esquetes no Youtube. Trabalhar em filmes e séries? Será necessário mostrar espanto ou naturalidade? Sério?! Deixei de ser a ovelha negra escondida a discordar do mundo e das modas...? Não tenho reação, mas preciso responder rápido. – Nossa! Claro! Muito obrigada!, respondeu se atropelando. Eu nem imaginava... Uma oferta despertar... Despertar-me. Preciso respirar. Quanta libertação!!! Não imaginava isso ser um incômodo na minha vida. Quanto alívio. Estou leve. Sinto-me brilhante, iluminada.

É um Amor por mim. Isso é reconhecimento? Não! É pouco! Sou eu reconhecendo minha vontade de ser conhecida, de interpretar, de atingir as pessoas com um pouco delas mesmas. Isso é Beleza!!!  Sou um espelho de Luz. Quantos sorrisos contive, agora já não me contém. Preciso falar para os meus. São tantas pessoas passando na minha mente. Será mal interpretado meu silêncio? – Olha! Não imaginava mais isso na minha vida. Ainda mais ser revelado assim, em uma ambiente desse... Sei. Eu estava me sentindo sozinha, abandonada. Só um pouquinho e estava aqui silenciosamente ruminando a mim mesma, tudo aquilo responsável por meu eu agora. Volto a acreditar nas energias do Destino!, Você tem toda minha gratidão, disparava Elangela.

É assim... As pessoas desimpedidas e sonhadoras se sentem desta forma quando se realizam? Se não for deveriam. Ah, deveriam sim! Deveriam muito!! Poderia ser uma regra... Eita! Quanta euforia... Estou efusiva a ponto de me sentir ludibriada. É mais uma descoberta de mim? Preciso me distancia para enxergar este momento... Não! Para! Agora vou aproveitar e estar toda nisso! Agora já passou? Será possível passar? Incrível!  Sem se conter, Elangela, levanta e abraça a mulher dona das suas boas novas. Depois levanta e sai correndo. Todos olham para aquela explosão de sentimentos intensos misturados. Preciso gastar esta energia vou gravar uma nova esquete. Ah, vai ser a melhor de todos os tempos!

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