por
Rafael Belo
Aquela
lua cheia encheu o mundo, mas foi ela, e somente ela, a maré. Aquela realmente
estava mudada. Quando a lua cheia chegou no meio da noite, Luarara
transbordava. Todo o vestígio de pirataria naufragara e o restante do mundo
sucumbiu. Toda a falsificação pôde emergir e tomar conta. Mas, Luarara esta
autêntica, segue única. Ela perdeu o orgulho e a vaidade. Não precisaria se
preocupar com a inveja mais. Só ela havia tomado a pílula azul. Apenas Luarara se
desgarrada e deixara a manada. Ela percebia o fim chegando em todos os sentidos
e pensava se iria ao encontro, de encontro ou seguia junto.
Havia
silêncio. A respiração parecia um vendaval, mas Luarara estava tranquila. Aqueles
passos pareciam cavalos trotando e ela sempre considerou caminhar como um anjo...
Ela ouviu ecos assustadores parecendo estrondos. Tratratratrá, tratratratrá,
tratratratrá... Cada vez mais próximos. Estava escuro demais até apara definir
contornos, apesar da lua cheia. Alguma coisa estava completamente errada e ela
lembrava as histórias contadas sobre os exércitos invasores. Precediam silêncios
antes da gritaria. Antes do cerco total uma sombra parecia cair como um manto
acústico isolando cada som como uma perturbação psicológica enlouquecedora.
Por
uns instantes, Luarara, se perdeu, tremeu e quis gritar. Um horror tremendo a bolinava,
arranhava sua garganta, apertava seu peito, sentava nos seus pulmões, saltava
nas suas costas e se jogava no estômago como se fosse uma legião foragida
rejeitada no inferno. Parecia uma possessão demoníaca em hordas consecutivas. O
medo estava travando uma batalha com ela e o som daquele exército invisível se
aproxima, se aproximando, se aproximou... Luarara suspirou, respirou fundo,
fechou os olhos e tudo parecia escuridão igual, total, ela tremeu incontrolavelmente
e sentiu todo aquele peso ter uma negatividade, algo péssimo, querendo
juntamente o descontrole, o desespero...
Ela
desejava parar de tremer, mas dentro de si havia uma força maior irrompendo,
clareando, expulsando aquela invasão. Aquelas presenças a tocando
simultaneamente pareciam nunca ter existido. Luarara ergueu a cabeça e
desentrelaçou as mãos. Não havia percebido esta posição de oração. Será? Ela
havia orado pela primeira vez? Para quem? Para o que? Estava sozinha, mas esta
solidão consciente iria afetar a todos, eventualmente. Ela não enxergava mais
ninguém, mesmo quem estava diante dela. Também não sentia o toque da manada. Parecia
um fantasma assombrando àqueles na escuridão ainda a enxergando... Ela sorriu
em ironia e aquilo pareceu dissolver de vez esta sensação sem nome. Agora precisava
encontrar outros, não queria ver mais só a si mesma.
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