por Rafael
Belo
Tudo havia mudado em
um dado momento negado por ela até aquele questionamento. Darila sempre usou
sua vontade de querer dar certo para o fazê-lo. Ela sempre acreditou ser assim.
Mas, fora do mundo dela havia outras vontades incompatíveis, suscetíveis apenas
a autoimolação, a autopiedade, a autoexaltação, a autopreservação, a
apropriação, a própria querência… Foi mais uma falência institucional.
Nunca houve desilusão
igual e jamais haveria. Cada um se desilude ao próprio jeito e gesto. Um
dilúvio literalmente caiu sobre ela. Darila ignorou os sinais do tempo, o vento
e se molhou sem nem ter percebido a saída para a chuva. Descabelada e
encharcada chafurdava nas lembranças vendo só agora: só ela queria se ex só não
queria começar tudo de novo. Estava cômodo e ela já vinha sentindo o incômodo
há muito tempo. Ela já não queria o tal do dar certo basta ter vontade. Queria
mesmo era liberdade e ser feliz.
Pegou seus documentos
e foi. Não disse nada. Não queria nada muito menos ficar ouvindo monossílabas
bovinas. Chega de hummm, hummm, hummmm… Não ia se justificar. Só devia a ela
mesma. Não queria falir também. Não era mais ela mesma, mas ele era o mesmo…
Resolveu aceitar o emprego em outro país. Aquele tão sonhado de tradutora. Foi
ser infeliz em Paris. Deixou o bilhete considerado ingrato e covarde pelos
donos dos “eu avisei” da família e amigos dele e digerido em silêncios pelos
“como eu não percebi” dá família e amigos dela. Ela tinha vergonha de não ter
dado certo. Foi passar um tempo redescobrindo ela mesma.
Darila simplesmente ignorou
as ligações, mensagens e whatsapps… Depois de um tempo, gravou uma mensagem
“explicando” e fez o impensável: jogou fora o celular. Rodou Paris, cada vez
menos infeliz. Fez o que quis e o que não quis também para experimentar. Tatuou
“basta ser você, não precisa dar sempre certo” e toda vez no momento da dúvida
respirava fundo e olhava para o incentivo/lembrança. Nunca mais voltou para o
Brasil. Há alguns dias voltou a usar o celular, sem nunca nem mandar um whats
“internacional". Não queria um passado zumbi tentando devorar seu cérebro
de novo. Estava em Paris cada vez menos infeliz. Seria feliz?, se perguntava. Até se autoirritar e falar exaltada,
considerada louca só pelos brasileiros locais por erguer a voz: Vamos por partes como Jack… Depois rir
pensando o quanto era sombrio pensar no estripador na terra dele. Nunca
descobriram quem era o serial Killer… Espera!
Foi em Londres. A terra dele era Inglaterra... Estou confusa agora ou ... Calma!
Torre Eiffel? Não! É o Big Bang!!
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