segunda-feira, janeiro 15, 2018

A ausência de som





por Rafael Belo

Vocês já repararam? Ou melhor, já se reconheceram fazendo? Temos a cotidiana prática hipócrita de dizer estarmos bem sozinhos, mas estamos sempre pensando em alguém, avaliando as possibilidades e com o estúpido medo de nós machucarmos… Olhamos ao nosso redor, para nós mesmos e temos aquela leve crise existencial: o que eu estou fazendo?! Sabemos a resposta independente da quantidade de desculpas.

Se parássemos de comparar, analisar, encher um saco infinito de expectativas, imaginarmos coisas ao invés de conversar e ir direto ao assunto sem nos preocuparmos com tantos porquês estaríamos bem melhor, mas não! Não somos masoquistas, sadomasoquistas ou qualquer coisa assim - a não ser egoístas - mas vamos levando como está (ou não está)... Eu confesso o quanto é sensacional encontrar alguém surpreendente para mim e mesmo assim as coisas não serem sim ou não.

Nada é apenas o nosso querer. Há muitos fatores, muitas histórias, diversos caminhos… seria muito mais agradável ouvir um não sincero, um sim espontâneo a se deixar sofrer com os silêncios. Estamos perdidos lutando contra o vazio cultivado e bem nutrido por nós. Somos todos estranhos com este animal de estimação tão coletivo e solitário passeando com a gente sem saber quem está na coleira… Disfarçar e focar em outras demandas, outras necessidades, outras vontades não faz desaparecer nenhuma das anteriores.


Sério. O que estamos fazendo de nós?! Precisamos nos libertar. Eu confesso viver nesta tentativa diária começando por esvaziar minha mente ao conversar com alguém. Só escuto e estou presente. Dialogar é uma arte explicada pelo próprio nome dado: é preciso de mais uma pessoa e é fatal confundir o espaço que damos, o espaço que precisamos e o espaço sideral… A vida são séries sequenciais de tentativas e dar atenção demasiada para dúvidas e para os vácuos da vida é realmente chegar ao espaço onde é congelante e há um silêncio totalmente desesperador: a ausência de som.

Um comentário:

Gaúcha morena disse...

VDD! Somos seres carentes e co medo. Medo da nossa própria espécie...talvez seja por não sabermos nosso limite,julgamos as possibilidades do outro nos ferir. Mas isso tudo é compreensível,nao somos homens das cavernas mas estamos sempre na defensiva. Abcs🙅🙅Belo 😘😘