por
Rafael Belo
Um
olhar distante e um sorriso nostálgico. A saudade reclama seu espaço. Ela enche
meus olhos de lágrimas, aperta o peito, deixa o coração diferente... Frio, quente
e ele derrete. Eu choro sorrindo. Satisfação, gratidão, saudade... A gente segue
em frente, mas há pessoas que sempre fazem falta. Ninguém pode imaginar esta
ausência em cada um de nós, mas a presença é mais forte. Não importam os
defeitos, os gestos e feitos são bem maiores. Sempre falo dos meus pais e da
luta deles e eles não saem da minha memória. É um ano novo e somos feitos de
velhas histórias que nos tornaram capazes de viver novas.
Eu
choro ao lembrar do último momento do meu pai pelo sofrimento que ele passava e
o que esperava por ele se ele continuasse aqui... Porém, fico feliz não só
porque ele estava nos meus braços no último suspiro e minha mãe ao meu lado,
mas pelo que ele representava. Meu pai era alegria e eu aprendi alegria com
ele. Meu pai era desimportar e eu aprendi a desimportar com ele. Por isso, não
faz sentido eu ficar triste. Para ele as preocupações eram bobagens e eu tento não
me preocupar. Meu mantra é saber o que eu posso fazer e ponto.
Meu
pai fica aqui permanente e pronto. Ele faz parte de mim, da minha mãe, das minhas
irmãs, dos meus sobrinhos, das minhas tias, das minhas primas, primos e da
minha saudade. Meus traços e passos continuam ele, assim como os das minhas
irmãs... Não sei se vai existir alguma manhã onde vou acordar e não pensar
nele. Sempre respeitei o jeito dele e as escolhas dele. Ele me ensinou isso e o
Amor é eterno. Eu tenho muita semelhanças com ele e com minha mãe, como não
ter? A gente tem mania de não querer parecer ninguém e realmente a gente não
parece, mas muito lembramos quem são nossos pais.
A saudade
nem sempre escorre nos olhos, mas fica rondando. Ela bate diariamente, mas não
como algo ruim. Mostra o quanto uma pessoa é importante independente do que ela
faz ou quem ela seja. Ninguém é de todo bom e ninguém é de todo ruim. Nunca tinha
falado sobre esta saudade viva, mas só porque eu não estava pronto. Este ano eu
estou pronto para tudo. Vírgulas, reticências, exclamações e pontos finais vão
seguir com as interrogações sendo solucionadas ou aceitas porque se a gente
quer dizer o que é certo e o que é errado, a única certeza é estarmos errados.
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