por Rafael Belo
Não sei quantos dias durou a última batalha, mas se estou aqui é porque
venci. Não há isso de não haver vencedores em guerras... Já faz algum tempo que
vejo os corpos dos meus sentimentos espalhados e vê-los solitários e isolados
me deixam em dúvida: foi legítima defesa mesmo, apenas auto-preservação ou
prevenção? Mas, além deles não poderem mais aparecer – mesmo em outras formas –
a Solidão já não vive mais comigo. Eu entendi o alerta e ingrata que sou a
expulsei de casa. Sei quem acordo agora.
Sou todas. Não há separação nem motivo para isso. Já nem me dou o
trabalho de responder algumas coisas e outras nem tenho vontade. Quando estou
nos rolês... Sim, eu voltei! Tenho mais vida quando vivo e se sinto alguém
querendo sugá-la de mim eu rio. Gargalho e a sensação passa. Ainda tenho muita
raiva aqui e estou trabalhando minha impaciência, mas não quero ser boazinha
nem desinteressada. Dá trabalho, sabe?! Não quero outra temporada com a solidão
e não vou pedir perdão por quem eu sou...
Só de ver a interação acontecer, eu interajo. Mas... Conversar de verdade
com alguém é quase emocionante. Porém, não ouse pensar que deixei de ser uma
serial killer profissional de sentimentos. Isso não aconteceu. Eu só fiquei
melhor. E apenas não ligo. Não há frieza e silêncios matadores mais. Ao contrário de há um tempo, eu me sinto
eterna. Talvez eu seja mesmo imortal, mas não estou a fim de testar não. Há sim
um sentimento de invencibilidade, apesar da imbecilidade do mundo e de muita
gente nele...
Estou contente e me vejo brilhar. Acima de tudo tenho um brilho no olhar.
Não perco mais tempo surtando, explodindo com alguém... Simplesmente me desligo
e, quando não, deixo tal alguém falando sozinho. O que mais mudou... Eu presto
atenção em todo mundo e consigo ver e sentir se a Solidão foi morar por ali
levando junto o isolamento. Quando meu sensor dispara eu fico encarando
discretamente para garantir ser isso mesmo. Aí me aproximo e, normalmente, a
gente se conhece... Mesmo se somente das redes sociais. Já pensou?! Depois eu
só fico pensando: “que tiro foi esse?”
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