por Rafael Belo
Não sei quantos macacos eu matei.
Eu fiquei descontrolada quando toda minha família caiu. Era febre amarela.
Morreram todos. Nós vivíamos escondidos
nos parques e um medo revestido de desespero e loucura tomou a frente da minha
mente. Eu parecia uma passageira do meu corpo, uma hospedeira de um lar de
raiva, mas não me dava conta disso. Eu… Eu… Eu estava gostando daquela
violência, daquele poder afrodisíaco, era sexual sim e mexia com cada parte do
meu corpo. Então, como eu poderia parar?!
É assim o sentimento dos
assassinos? Mesmo quando fiquei horrorizada com aquelas cabeças que eu tinha
cortado… Fiquei mais surpresa com a força para arrancá-las. Eu era tão forte
assim? O que eu sou afinal? Eu despertei um pouco daquele torpor homicida
quando encarei os olhos mortos daquelas cabeças nas minhas mãos. Foi
assustador, mas só por um momento. Não havia vida ali. Não tinha volta. Eu
precisava terminar com o que eu tinha começado. Mas comecei a em questionar se
aquilo tinha algo a ver com consciência…
Há algo a ver? Com ética? Com
moral? Há defesa para isso ou só um ponto de vista divergente? A gente pensa na
hora da violência… Mas, não fica raciocinando sobre o momento, só quer acabar
como aquilo tudo sem culpa. É possível viver sem culpa. Isso é ser psicopata?
Nós temos o direito de tirar uma vida se for para poupar a nossa? É preciso
esperar ter certeza para agir ou agir sem esperar com no mínimo 50% de chance
de estar comentando o maior erro da vida? Às vezes eu queria simplesmente a
impunidade dividida igualmente...
Tenho que analisar se vou ser presa
ou morta? Será que os bandidos temem isso? Espera! Não sou bandida, sou?! Eu sou
uma justiceira! Sou uma defensora! Sou uma heroína! Quem não percebe isso só
pode errado, certo!? Quer dizer… É claro que eu estou certa! Não é a vontade de
todos?! Eliminar o que faz mal?! Sou só representante daquilo que ninguém quer
admitir. Talvez eu esteja louca mesma, mas aí eu não diria isso, né?! Loucos
são os outros!!! Loucos são vocês! Com certeza é bem normal conversar com as
vítimas antes de decapitá-las. Pelo menos não estou conversando com as cabeças
que arranco. Não é? Ei! Macaquinha, qual o seu nome? Fala comigo!! AGORA!!!
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