Acordei pensando no invisível. Como ele é veloz! Quando a gente pensa vê-lo, ele não está e quando pensamos estar, não o vemos. Estes são os meus dias. Como o invisível é veloz, me cerca por toda parte. Está à minha frente, atrás de mim e me passa desapercebido. Quando estou despercebido ele me percebe, me segue e pesa no estômago! Me diz para dormir! Só porque estou sem horas? Me pesa a cabeça e é janeiro. É 2009! Tudo bem... Logo volto a descansar direito e sonhar com as construções invisíveis. Com este preenchimento achado inodoro, incolor, inaudível, insípido, impalpável fora ele ser invisível... Ele é este vácuo me dizendo algo incompreensível que de alguma forma sexta-feira entendo. Mas não pretendo ser veloz o tempo todo, nem todo o tempo. Deixe meus olhos abertos do avesso!
Não vêem o invisível por aí! Pare um pouco porque eu não paro de vê-lo! Ele me desenha nas dunas do deserto quando me atento a praia contraditória tocando o céu nas mutações descolores do fim de tarde. Assim descanso e me canso com a cabeça nas dunas. Outro ano começou. Este sem promessas. Estive, estou com minha família, mesmo nos momentos sozinhos. Depois da virada familiar e da partida para a balada do século, dormindo pela manhã vi este deserto sendo praia de um mar contínuo de céu e meus pés – após breve vôo – pousaram no meio de tudo com as ondas me movimentando. Não as pulei só ouvi as águas, as areias, o vento e o canto do pôr-do-sol enquadrando as imagens natureza em um infinito som do céu. Veio os cheiros de mundo felicitando uns aos outros pelo ano virado.
Me sinto diferente já neste começo. Não sei o quê falta e o quê sobra, sei que não quero saber ainda. Não é o momento. Digo porque sinto isso, seja lá o que isso for... São sensações ainda codificadas, conhecimentos ainda soltos, frases ainda inacabadas. É assim: o ano começou, mas o ano ainda não acabou. Mas, passada a família foi o primeiro ano virado em rock and roll gostoso, puro, clássico e rebelde com causa. Foi querido e alcançado, foi simples e é feliz. Todos cantando as músicas... Nossa que sensação! Me senti mais músico, mais compositor, mais “cantor”, mais violão e cordas. Quando voltei para a família toquei por horas e ria e ria. Era dia 1º de janeiro de 2009. Como o invisível é veloz! E no último dia do último ano passado ganhamos um segundo... Um segundo para cultivar amigos, para aprendermos, para errarmos, para cantarmos, para valorizarmos a família colher pessoas, para respirar, para pensar, para mudar de direção, para sermos, para irmos um segundo além e depois ir.
(foto que tirei na Torre dos sinos)
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