por
Rafael Belo
Estava
tendo delírios, suava litros e gemia dolorosamente. Bicampeão de artes marciais
mistas com 100 kg cravados em dois metros e doze e mesmo assim derrotado por um
ser microscópio. Virose? Ah, era sempre
assim quando não sabiam o que acontecia. Enfia paracetamol e manda pra casa...
Duas semanas intermináveis e nada de
melhorar.
Golias
se gabava de nunca ter ficado doente e até dias atrás era verdade, mas eram
tantas pessoas doentes ao redor dele tossindo, espirrando, desrespeitando a
saúde alheia que ele decidiu prevenir e se medicou. Nada de mais, apenas estes
antigripais, porém foi aí que a tal virose o surrou como nenhum outro
adversário ainda tinha feito.
Inconformado,
Golias parecia murchar a cada dia acamado.
Delirando aos 39 graus de febre repetia o famoso ditado popular “todo cuidado é pouco”. Existe
alguém mais cuidadoso que eu? Só se for quem sofre de toque... Não bebo, não
como porcarias, não fumo, sou atleta e água... Cadê? Aqui. Bebo litros em um só
gole...
Não tinha forças para nada, mas mesmo assim
precisava terminar de ler A Torre Negra e
O Vento pela Fechadura ao mesmo tempo. Queria ser como Roland e assim delirava... Naquelas duas semanas ainda não
terminadas percebeu a fragilidade em qualquer situação da vida, este clichê da
roda-viva... Era tão fácil estar lá em cima e despencar. As posições trocavam
todo dia, mas era certo que não seria uma pedra no caminho a derrubar o gigante
Golias, ele iria se curar, não iria?
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