por Rafael Belo
Chovia
como se chuva fosse esperada a cada amanhecer e anoitecer. Mesmo assim as
pessoas estavam na fila esperando serem atendidas e resolverem seu atual
desemprego. Indignado pela situação, Seu Severino esbravejava. Estava encharcado,
apesar do guarda-chuva... – A senhora
acha que isso é direto? Ixi Maria é um desrespeito!
A
tal senhora, sem querer alimentar uma discussão, só deixou entender estar
concordando. A gente trabalha feito doido
a vida toda para ser dispensado com desculpas?, pensava Severino, tratam a gente feito bicho e os nossos direitos?
Ele nem sabia quais eram, mas sabia da existência deles. Era um bom passo,
mas “cabra macho” que era não pedia informação.
Quebrava
as paredes, furava canos, queimava chuveiros, destruía tevês, micro-ondas,
celulares e nunca acertava. Recusava ajuda e assumir seu erro. Era sempre “esse
trem mal feito”. Lá estava Severino desde a madrugada, o primeiro da fila. Com a
carteira de trabalho em mãos pensava em quanto valiam seus direitos e quais
eram afinal?
Mais uma injustiça. Sempre fui
ótimo motorista, por isso fui recomendado para trabalhar nessa cooperativa de
táxi. Mapa? GPS? Eu sou o cabra da peste mais bem orientado que já se ouviu
falar. Que culpa tenho eu se o meu caminho era mais longo e eles acompanharam
meu trajeto pelo tal de transmissor? Quero meus direitos já! E ficou se molhando esperando a sua senha e vez
imaginando um sol que poderia aparecer.
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