por
Rafael Belo
Luanna
saiu sem rumo exatamente como se sentia. “Esqueceu” o celular de propósito onde
todos em casa podiam ver. Estava no ônibus com o itinerário mais longo da
cidade. Saiu do extremo da zona norte de São Paulo para o mais distante ponto
da zona sul. Precisava pensar sem
ninguém dizer o que nem como, muito menos rondando o tempo todo.
Cercando
perguntando. Maldita sociedade hipócrita,
pensava Luanna, cuidam da vida de
todo mundo só pensar em investir em melhorar e qual a finalidade? Ela
estava há um ano na cidade que mais produzia dinheiro para o Brasil... Todo
mundo correndo o tempo todo para dar tempo e... Ninguém tem tempo para nada... Decerto não querem pensar de verdade no
que estão se tornando, concluiu balançando a cabeça lentamente.
Luanna
tinha recém completos 20 e poucos anos. Suas melhores companhias eram os
livros, Salomé e Lou - respectivamente sua gata e seu cachorro. Cada leitura a
fazia crescer e assim se sentir menos dentro de tantos universos, já seus
animais mostravam o oposto da vida humana. Eles eram incondicionais, só
precisavam de carinho, água, alimento e curtos passeios.
Qual eram os objetivos delas e das
demais pessoas? Juntar dinheiro, rejuvenescer, viver até não poder mais e rezar
para ir para o céu?, negava com
tanta força que as pessoas já a olhavam. Luanna queria mesmo não precisar de
dinheiro e nem de tanta poluição na cidade com tantos contrastes.
Pensava em como seria bom se a moeda de troca
fosse as habilidades de cada um, prestação de serviço... Gostaria de ter
nascido em outra geração quando havia motivos mais heroicos para lutar, principalmente
pela liberdade e agora? Lutamos para
continuar lutando... Estamos sem rumo. Sem rumo seguiu e nem
tinha saído da zona norte ainda. Entrava na coletiva prisão.
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