por
Rafael Belo
Aconteceu
a batida. Todo mundo parou. Parecia um tiro de alto calibre. As pessoas ouviram
e até se jogaram no chão como se fossem comuns tiroteios na cidade. O Chefe nem
imaginava ser com ele. Todos ali sabiam. Mas era somente uma batida na frente da Instituição. Os motoristas egoístas
vão a toda velocidade e já era esperado o acidente, aliás, até demorou muito. O
Chefe mesmo não se achava responsável nem pelos atropelamentos causados por
ele. Utilizava do poder para humilhar ainda mais aqueles lesados por ele. Ninguém
parava no emprego. Quando não eram demitidos se demitiam. Muitos até saiam com
marcas daquelas humilhações públicas. Mas, como juíza empoderada ela revidava
cada sofrimento.
Não
era comum. Mas, ela era O Chefe. Não gostava de artigos femininos e não admitia
o “A” na frente de seu Chefe. Então, ela começou a se incomodar com uma
funcionária nova. Colocava desafios depois de desafios e A Chefe (opa) O Chefe
se irritava cada vez mais. Aquel superava um depois de outro. Ignorando totalmente
os ataques da Chefe. Até O Chefe perder a razão e começar a gritaria. Toda a
Instituição parou e foi até a origem do furdúncio. O Chefe tinha subido na mesa
nem se importando com a ausência de calcinha porque ela era sim, belíssima e
nem se importava com os olhares, ela os incentivava. Quanto mais poder mais
poder, certo?
Tinha
a voz potente de uma sopraníssima. As pessoas nas ruas pararam para descobrir
de onde vinha aquela voz irritada e com aquele alcance invejável. Ela chegou a
agudos e todo vidro, espelho... Tremiam. Vibravam como se a ansiedade deste
holocausto político-financeiro brasileiro estivesse concentrado ali. Claro,
aquela Instituição política estava envolvida - de acordo com as citações/delações
– vazadas por aí. Além de tudo O Chefe era dona do lugar. Centralizadora,
megalomaníaca nunca aceitou concorrência e distribuía dinheiro para os bagaços
das licitações até chegar às laranjas, enfim... Voltando... A frequência vocal
atingiu o cume e tudo de vidro e reflexo se quebrou.
Não foi o suficiente para ela parar. Mais cedo,
antes da gota d’água cair, O Chefe tinha recebido um whats de seu informante bem pago da Polícia Federal. Para ser
franco, naquele exato momento a população acumulada nas ruas - já protestando
contra a Instituição e O Chefe - abria espaço para os policiais entrarem. Com a
gritaria ninguém ouvia dela. Eles ovacionaram quando a Justiça entrou e conseguiram
abafar desabafos e desaforos da Chefe escoltada para o camburão. Se estivessem
em silêncio teriam ouvido O Chefe se arrepender amargamente de não ter matado
Aquel, a agente infiltrada. Aquel tinha vazado todos os vídeos, áudios e
documentos já floodando em todas as redes digitais do mundo.
Um comentário:
Eheh...muito bom!
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