quarta-feira, maio 09, 2018

Só não quero abraços (miniconto)



por Rafael Belo

Talvez seja louca mesmo como a Alice... Que país é uma maravilha, afinal?! Que país é esse? Quais maravilhas podem ser possuídas quando no final até  a carne fica. Não tem nada a ver com Legião Urbana. Sou mais um Falange da Periferia. Mas, periferia dos reboques dos meus sentimentos, seriam retoques ou uma make mesmo, mas não sou tão princesinha assim. Só não quero que me toquem. Já cheguei em um rolê em pleno carnaval e não queria que encostassem em mim. Escandalizei. A louca do rolê. Se manicômios fossem ainda permitidos ou aquele eufemismo hoje chamando ala psiquiátrica...

O ser humano é um monstro: te abraça, diz que ama, que cuida, que quer bem e você pensa que são flores, mas não! Não senhora! É um esfaqueamento lento com anestesia no fio das facas, mas as navalhas cortam cegas mesmos para gangrenar, infectar, infeccionar, pelo gosto do tétano ou seria do antigo vil metal? Se eu já não tinha noção do tempo sem medicação, agora já me chamo tarja preta porque já desconheço até meu nome. Tem algo estranho acontecendo. Ninguém abraça mais. Era meu sonho, mas isso parece mais um pesadelo ou filme de terror… Aposto que sou parte de Resident Evil. Zumbi não tem cérebro… Serei eu mesma pensando?

Toc! Toc! Toc! Toc! Toc! Toc! Transtorno Obsessivo-compulsivo? Não! Sou maluca mesmo! Quem é? Este silêncio me arrepia toda. Travei!  Estou tão dissociativa! Sou eu! Eu mesma estou me batendo! Não tenho controle mais! Por que parei com os remédios se não melhorei ou substitui por algo? Mas se não gosto de ser tocada nem sequer abraçada, não posso ser um disco? O que é um disco?! Risco?! É isso! Eu não sou um risco?! Eita! Eu sou não um risco só! Eu sou um monte de riscos! Um rabisco completo… Um rascunho…

Perigo?! Ah, sim! Não! Potencialmente falando … Né?! Porque todo mundo notou eu falando comigo mesma… Veja você quantas… Estou me sentindo a Dory! Perdi pensamento, personalidade, paladar, plateia, público, passagem, pirofagia, pirotecnia, parcialidade… Prática. Prática o abraço faz gostar… Praticar espontaneamente e Para! Pelo amor heim?!  Será que se eu ceder ser abraçada e abraçar desenlouqueço? Posso vender insanidade como sanidade e abraços como cura? Não vou conseguir. Abraço é muito. Está lá nas regras do meu jogo “só não quero abraços". Mas, alguém em mim não segue regras só preciso saber para onde este meu eu alguém fugiu..

Nenhum comentário: