sexta-feira, agosto 17, 2018

A inocente do primeiro amor (miniconto)




por Rafael Belo

Sabe a gente não precisa saber tudo, nem tem como. Não tem que ser o melhor , mas precisa ter vontade e ah, algo essencial: amigos. Eu diria que sou uma mulher de sorte. Uma pessoa sofrida, mas sem comparar porque aí eu perco feio. Demorei a aprender a não sofrer, afinal eu ainda sou a inocente do primeiro amor.

Mas eu sou de energia, sabe? Não ajo diferente com ninguém. Sou eu mesma sempre. Trato todos igual… Claro que quem eu gosto e quem eu amo muito acabo tocando mais, abraçando mais, querendo compartilhar, visitar, falar, enfim estar mais em contato. Não importa o que sigam os outros eu acredito em mim. É preciso ter essa pureza, está inocência… Eu sempre soube naturalmente...

Se assim não fosse eu seria amarga, mal-humorada, reclamona, pessimista, solitária… Se tem algo que não sou é solitária. Meu amigos… Me emociono ao falar deles… Eles são os dons que eu não tenho. Por isso, digo a você para me libertar. Eu sou rica de tantas coisas, mas nenhuma delas tem a ver com capital. Se você matar nunca mais será o mesmo…

Sei que não é a sua primeira morte, mas você nunca mais vai me esquecer e isso vai acabar com tua vida. Você vai gerar muita comoção. Eu não terminei minha missão, só não tire essa máscara não preciso ver teu rosto e nem quero. Só me desamarre e vá ao banheiro. Pela primeira vez neste mês só estamos nós aqui neste cativeiro. Por favor, vá. Eu fui logo depois e ouvi vários tiros e o silêncio. Me reconheceram na primeira tabacaria que entrei. Logo todos estavam lá na mesma velocidade que me protegiam da mídia na tevê mostrava os corpos de quatro pessoas. O resto é especulação até eu resolver falar.

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