quarta-feira, agosto 15, 2018

Desta posição (miniconto)



por Rafael Belo

Eu não conseguia me sentir boba como eles diziam que eu estava sendo. Achava normal ajudar mesmo naquilo ao qual eu nada tinha a ver. Não via problema algum. Parecia parte da minha rotina. Descobri mais tarde ser exploração, crimes trabalhistas… Mas não adiantava ninguém falar sobre mim… Tudo o que eu sentia era meu e de mais ninguém. Aquelas doenças todas psicológicas e físicas ainda são um mistério…

Eu sou Inocência. Não é natural de mim ser inocente? O que mais eu seria? Fui até presa… Verdade que logo disseram ser eu a própria Inocência e tal fato foi constatado… Mas, diz o ditado… É equivocado todo aquele pensando ser espertalhão ou seria malandrão? Bom, eu só sou eu mesma não sei ser mais ninguém e venho mesmo me embebedar esperando nenhum macho vir me incomodar, a não ser venha…

E daí se eu perco a noção. Ninguém tem mais noção de nada mesmo. Eu canso de ver me interpretarem da pior maneira quando acho ter dado a única intenção possível. Eu me sinto clara como a luz do dia, mas aí o tempo não pára e vejo a paranoia que não possuo me rondar como assassinos seriais da mente alheia… Fu….. tudo. Eita! Não sou tão inocente assim

Minha mente é só minha até eu me perder neste meu nome e sei lá. Já desconheço minha identidade, o meu lugar, onde estou, as direções se misturam com as emoções e tudo fica desconhecido sem sol sem lua nem céu há mais. Só vejo o chão quando sou recheio de uma multidão de botas sujas fingindo distração… Aí quando dizem que sou ruim acabo acreditando da posição onde fiquei.

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