sexta-feira, agosto 03, 2018

Até na fila (miniconto)





por Rafael Belo

Sabe, eu comecei um relacionamento agora. Este palavrão que fingi por tanto tempo não querer. Claro! Eu nem sei se acreditava mesmo em relacionamentos… Quem acredita? Mal me relacionava comigo sem comparar com uma infinidade de padrões… Os homens e mulheres só viviam querendo o que? Serem patrões! Minha referência era isso. Está ausência de independência forjada em liberdade por aí…

É esta desconfiguração de aí meu amorzinho pra cá, ô meu chuchuzinho pra lá e aquele monte de diminutivos tão lindo para os apaixonados… Mistura com um monte de regra social, com vícios de comportamento e vem me comparar feminismo com machismo… Que ofensa grave. Nem pedi pra parar o mundo. Fui lá e desci. Quanta chatice este monte de elogio infundado sem atitude ou pior atitude planejada… Cadê a espontaneidade!

Eu perco o interesse na hora. Quero viver e morrer diariamente. Sabe que agora está acontecendo isso. Eu superei toda esta merda de complexos, traumas e este monte palavrão chamado comparação, submissão, possessão… Nem penso em como será amanhã?! Ninguém sabe. Retirei meus excessos de passado, futuro e imediatismo…

São tantas nóias pesadas transvestidas de palavras, de cobranças… Neste instante eu sei, sei não dever nada a ninguém, principalmente a mim mesma. Quando senti necessidade de uma intimidade bem próxima não suprida, olha suprida, pelas amizades meu coração simplesmente começou a tocar em uma batida diferente e cá estou eu cheia de clichês… Naturalmente como se fosse a primeira vez, mas sem peso algum. Sinto-me mais, livremente. Eu quero alimentar diariamente para, então, ser Amor até camelando na fila do pão.

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