domingo, setembro 25, 2016

O canto da transformação (resenha)



Imagine um tradutor para dezenas de estrangeiros e uma celebridade mundial no meio de um sequestro que deu errado? Nada mais empolgante e é exatamente isso: empolgação, que oferece esta obra.  Bel Canto, de Ann Patchett é daquelas leituras única nos envolvendo logo  de cara e de repente já somos Bel Canto. Quando percebemos já somos uma das 59 pessoas confinadas. Pensar que foi uma novela latina a responsável por desencadear toda esta comoção e nas entrelinhas a paixão por Roxane Coss, própria ópera italiana em pessoa e dom, traz para ainda mais próximo esta história.

É encantadora a narrativa nos levando pela mão direto para um desenrolar de uma situação tensa. Um grupo de terrorista quer o presidente deste país latino, mas ele inventa uma desculpa que todos os convidados já sabem ser mentira. O presidente é um noveleiro e esta ausência para assistir o último capítulo põe a vida de todos em risco. A trama se passa em algum país latino deixado apenas na especulação a identidade do local. O tempo passa e várias coisas inesperadas nos seguram colados nas páginas para saber cada detalhe dos acontecimentos.

Já não sabemos mais quem é sequestrador quem é refém. Todos se misturam. Beatriz, Gen, Carmen, Roxane, Thibault, Edith, Cesar, o essencial vice-presidente Ruben Iglesias, o empresário mundial Hosokawa, russos, francês, Ishmael, os generais, Benjamin, latinos, japoneses, o padre Oscar Mendonça, Messner, o suíço da Cruz Vermelha... Esta Torre De Babel está fadada a terminar de uma forma que todos os personagens sabem... Mas negar é mais forte para quem deseja ceder e é o que faz cada um dos personagens e, claro, Roxane Coss. Ela e Gen são os principais holofotes desta obra.

O poder da arte faz todos os olhares mudarem e já estamos torcendo pelos terroristas enquanto se transformam corações e mentes este curto livro parece um enredo sem fim porque não queremos que acabe, no fim nem os reféns conforme as negociações vão se prolongando e meses vêm e vão.  Ann Patchett escreveu este clássico instantâneo com as situações mais improváveis provando serem possíveis  em plena América do Sul, aliás pode ser até aí naquela mansão perto de ti. Este livro fantástico é puro coração e ganhou o Prêmio Orange, do Pen/Faulkner Award e do National Book Critics Circle Award. Só posso dizer pára toda leitura que estiver fazendo agora e seja sequestrado por Bel Canto.


Editora Intrínseca, 288 páginas, Ann Patchett.

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