Andando por aí em qualquer
transporte, inclusive nossos exclusivos pés - porque sem eles não vamos a lugar
algum – há uma introspecção tão imensa a ponto de dificilmente vermos os olhos
das pessoas. Há uma falha no nosso sistema... A principal é termos o mecanizado
a uma exposição tecnológica solitária, fria e com tantos holofotes que não
precisamos mais esperar as máquinas tomarem conta da gente e do mundo, nós
somos os robôs. Não sabemos conversar sem uma lógica matemática complicada sem
explicação, sem uma publicação nas redes digitais, sem um contato real e
sincero porque acumulamos obstáculos e problemas, mas não conversamos nada além
do superficial.
Queremos nos envolver, mas nos
esquecemos como fazer isso. Vivemos, assim, uma relação autodestrutiva como
posicionamentos vazios ou remexidos para encaixar com nossa vontade. Então, tememos
levantar uma bandeira e não saber sacudi-la adequadamente porque nossos
argumentos para defendê-la são escassos quando existem e, então, agimos
desembestadamente sem pensar no efeito dominó, na quantidade de consequências de
uma mera imprudência ou simplesmente chegamos ao futuro robótico tão rápido que
nossos fusos-horários estão desajustados nos levando a uma incapacidade crônica
de sentir.
Há uma desconexão com os outros. Somos
“eu” 24 horas por dia e quando vem o outro para somar, o diminuímos. Queremos
dominá-lo para nos agradar, mesmo que ironicamente nos agradar seja agradar o
outro. Parece confuso, mas estamos pensando em retribuição. Isso nos faz viver
em conflito com nós mesmo e ainda quer entrar em conflito com os outros o tempo
todo. Sempre oferecemos problemas, obstáculos, impedimentos, reclamações, julgamentos, porque não com soluções? Por que
não abrimos nossos ouvidos para receber corações e angústias? A proteção
excessiva levou nossos corpos a não criar anticorpos e gerar tantas alergias...
Nossos corações têm este tratamento... Nossas mentes também sofreram o mesmo
processo.
Autodefesa nos retrai, nos faz
estar de um jeito tão irreconhecível para o espelho que parecemos dissociados
do mundo, do outro... Parecemos distantes porque fomos protegidos da simples
verdade. Amenizamos, distorcemos, ocultamos, mentimos... Porque sempre sabemos
usar a melhor fórmula semipronta nas prateleiras da autoajuda dizendo copiadas
obviedades: “Ela não está pronta”, “Ela não vai agüentar”, “Ela não precisa
saber disso”, “Não é o momento”... Estamos
tão presos na nossa própria mente porque temos absoluta certeza: o outro não
nos entende. Mas nós entendemos o outro? Nem tentamos! Vamos com fôrmas
enlatadas de tipos e classes definidas e julgamos saber o pensamento alheio...
Ao invés de querer saber o pensamento do outro, vamos estar no lugar dele. Quem
sabe assim mergulhamos, ao invés de sentir a temperatura da água com a ponta do
dedão do pé.
Um comentário:
"Quem sabe assim mergulhamos,ao invés de sentir a temperatura dos pés!" muito bom!
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