Imagine um tradutor para dezenas
de estrangeiros e uma celebridade mundial no meio de um sequestro que deu
errado? Nada mais empolgante e é exatamente isso: empolgação, que oferece esta obra.
Bel Canto, de Ann Patchett é daquelas
leituras única nos envolvendo logo de
cara e de repente já somos Bel Canto. Quando percebemos já somos uma das 59
pessoas confinadas. Pensar que foi uma novela latina a responsável por
desencadear toda esta comoção e nas entrelinhas a paixão por Roxane Coss, própria
ópera italiana em pessoa e dom, traz para ainda mais próximo esta história.
É encantadora a narrativa nos levando
pela mão direto para um desenrolar de uma situação tensa. Um grupo de
terrorista quer o presidente deste país latino, mas ele inventa uma desculpa
que todos os convidados já sabem ser mentira. O presidente é um noveleiro e
esta ausência para assistir o último capítulo põe a vida de todos em risco. A trama
se passa em algum país latino deixado apenas na especulação a identidade do
local. O tempo passa e várias coisas inesperadas nos seguram colados nas
páginas para saber cada detalhe dos acontecimentos.
Já não sabemos mais quem é sequestrador
quem é refém. Todos se misturam. Beatriz, Gen, Carmen, Roxane, Thibault, Edith,
Cesar, o essencial vice-presidente Ruben Iglesias, o empresário mundial
Hosokawa, russos, francês, Ishmael, os generais, Benjamin, latinos, japoneses, o
padre Oscar Mendonça, Messner, o suíço da Cruz Vermelha... Esta Torre De Babel
está fadada a terminar de uma forma que todos os personagens sabem... Mas negar
é mais forte para quem deseja ceder e é o que faz cada um dos personagens e,
claro, Roxane Coss. Ela e Gen são os principais holofotes desta obra.
O poder da arte faz todos os
olhares mudarem e já estamos torcendo pelos terroristas enquanto se transformam
corações e mentes este curto livro parece um enredo sem fim porque não queremos
que acabe, no fim nem os reféns conforme as negociações vão se prolongando e
meses vêm e vão. Ann Patchett escreveu
este clássico instantâneo com as situações mais improváveis provando serem
possíveis em plena América do Sul, aliás
pode ser até aí naquela mansão perto de ti. Este livro fantástico é puro
coração e ganhou o Prêmio Orange, do Pen/Faulkner Award e do National Book
Critics Circle Award. Só posso dizer pára toda leitura que estiver fazendo
agora e seja sequestrado por Bel Canto.
Editora Intrínseca, 288 páginas, Ann
Patchett.
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