Uma narrativa intensa e abrasante
como só a Amazônia pode ser é presenteada a nós por Ann Patchett. Em cada
página sentimos como seria viver no pulmão verde brasileiro. A cada página
somos tentados a buscar a seguinte, a próxima e assim por diante de tão
envolvente que é Estado de Graça. A história tem aventura, ação, drama,
romance, ciências e, reviravoltas, surpreendentes. Como passar dia a pós dia praticamente no mesmo esquema,
fazendo tudo igual? Se você for estrangeiro, então... Com duas missões: saber
em qual fase anda uma descoberta revolucionária e como morreu o amigo
cientista.
Em 304 páginas e tradução de
Maria Carmelita Dias, o lançamento de 2012 da Intrínseca faz jus ao nome e
eleva a autora Ann Patchett a uma patamar de autores de leitura obrigatória. Os
personagens Milton, Jackie e Bárbara Bovender e a série de mistérios nos leva a
desconfiar da Dra. Annick Swenson e lutar desde já pela contrariada Dra. Marina Singh e sua luta primeiro para encontrar Annick para,
então, entender o que realmente aconteceu e está acontecendo. Ficamos em Manaus
devorados pelos mosquitos, acabamos doentes com a personagem principal e,
claro, queremos voltar imediatamente.
Mas, a saga de Marina Singh na selva
amazônica no meio dos Lakash e o remédio que pode revolucionar o mundo feminino
ao manter a fertilidade deixando a mulher fértil para sempre nos leva ao
escondido território destes nativos. Este é um mercado que nenhum capitalista quer
perder. Já imaginou uma mulher de 80 anos engravidar naturalmente? Isso seria
bom ou ruim? Qual o segredo que envolve esta ovulação sem fim? Descobrir isto é só uma das tarefas de Marina
porque ela também precisa saber como realmente morreu seu amigo o dr. Anders Eckman.
O dono da empresa farmacêutica, o
bem mais velho que Marina, Sr. Fox, quer informações que Marina começa também a
não querer repassar passando também a ser uma protetora da tribo isolada contra
a indústria farmacêutica estadunidense. Marina agora masca a casca de determinada
árvore e prova a fertilidade prometida, mas ainda deve uma resposta a Karen,
mulher de Eckman, e é antes de decidir o que fazer que a trama se complica
ainda mais. Até quando a narrativa acaba
continuamos em Estado de Graça e seguimos sentindo o calor e o mistério
sufocantes da Amazônia.
Determinante, determinada, ousada, excelente,
a obra de Ann Patchett não ganhou à toa o prêmio Orange, vencedor do Prêmio
Orange e do PEN/Faulkner Award e finalista do National Book Critics Circle
Award. A Time a elegeu uma das 100 pessoas mais influentes do mundo. Mais um ponto para a intrínseca.
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