segunda-feira, novembro 17, 2008

Câmera escura

É como se eu andasse de ponta cabeça! Um estranho no mundo de estrangeiros. Estrangeiros olhando estranhos e julgando... Um respirar fundo, para não praticar a ignorância, e encontrando caneta e papel enquanto o computador está ocupado. Meus olhares e vontades se espalham. Descubro-me em cada palavra desenhada entre um neurônio e outro até que no lapso das sinapses vejo naturalmente entrar no ringue, das vogais ancoradas no abismo de consoantes absintas, um sentido múltiplo para todo sentimento elétrico perturbando minha pasmeira temporária. Então, o saco de palavras recebe golpes ligeiros e sintonizados no futuro próximo passante. E toda satisfação das artes marciais, das interações sociais, dos beijos colossais colados em lábios de mulheres da minha inspiração são prosas e versos do meu crescimento ignorante de corpo para alma.

Um cotidiano compulsivo de convulsões tentando ligar constantemente o corpo e a mente para os desligar em seguida. Um sentido para cada movimento da pupila diante da luz e das próprias sombras. Nada a explicar logo depois, porque explicar tudo é pedante é um pé doloroso nas partes íntimas. Digo que é difícil exercitar o silêncio - como ninguém que insisto em dizer que sou -, mas, gosto do sabor da dificuldade salivando na boca trancada a dentes fortes. Foi assim que descobri o silenciar total do cérebro ao meio de tantos barulhos na visão do outro. Não me isentei totalmente do fato fatídico de julgar, mas, me isento de ficar com qualquer opinião minha ou alheia antecipada de qualquer lua cheia, de qualquer olhar triste.

Você aí no seu canto, me vem vazio de imagem formada por mais que ela exista quando o espelho te olha de volta. É como olhar um grão de areia e querer catalogá-lo na estatística de pedras que viraram pó, ou melhor, grão. Você vai se transformando, perante meus olhos, em quem é - se for de fato - aos poucos. Gosto de ouvir (e muito) e se querem que eu diga, eu digo. Mas, de costume começo calado com olhos espalhados e ouvidos onipresentes... Agora, se vier conversando ou se tivermos lado a lado em alguma perdição urbana de passagem me sinto na obrigação de abrir a boca. Nem que seja para bocejar. Nem sempre falo para todos ou qualquer um, mas definido e definitivo - por mais que sejam praticamente sinônimos – não fazem parte de pessoas que sabem ser livres e nem das que não descobriram ainda.

Se eu não sou definido é pelo simples fato de não ser estático e mesmo se fosse o quê seria? Uma pedra...? E as ações naturais de vento, chuva, bactérias, fungos e sei lá mais o quê, não conta? A certeza absoluta não é parente consangüínea da arrogância? Ah, não!? Engano meu, desculpe... É que certezas são tão momentâneas quanto à morte! Falando nesta senhorita enxuta da idade do cosmos, um cadáver não é definitivo...! Ah, não estou criando mais uma “aprimorada” história de “mortos-vivos”! Quero escrever que aquele corpo sem vida – se não estiver em cinzas - irá se decompor e... Claro será alimento da terra até virar pó. A conclusão “brilhante”: até mortos se movimentam!



São olhares que o cérebro imagina! E...? A imagem captada é do avesso! Protestos? Avesso é, por exemplo, de dentro (“a camiseta está do avesso”)? Ou seja, ao contrário? Seria invertido nos seus olhares? Não!O inverso de deitado não é m pé é de bruços – caso esteja deitado de costas – e de dentro não é de fora? Voltando a imagem captada... “Exatamente” daí que veio a idéia da câmera escura (foi é?)... Aquela caixinha antiga com aquela “luz que estourava” pronto a imagem congelada forever and ever... Velhos, itens raros lambes-lambes! Aí eu diria que a foto é definitiva e definida concluindo uma imensa contradição gritante... Ouve aí? Os gritos? Olhares do avesso, olhares do avesso, olhares do avesso agora mais três vezes! Quem vê o mundo da mesma maneira, cuspida e parcial, que o outro? Hipocrisia! Se fosse crime todos beberiam por vontade cicuta... Algum platônico pensador (olha que legal) já pensou e não guardou para si (agradecemos por isso, pois, ninguém mais pensaria...) que há o mundo real e o das idéias. Ele, platonicamente, explicou em qual deles vivemos. Eu digo que nossas ideologias nos fazem chorar, mas nos dão força (ohhh) para continuarmos com elas em segredo ou “criar” outras... Porém, quem sou eu?!

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