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A próxima
Estavam na sacola todas as lembranças da vida. Cabia apenas um punho dentro da sacola. As alças enroladas na mão todo o tempo, como se fizesse parte da mão. Ninguém soube dizer quando ou se teve início tal ato. Já disseram que quem carrega a sacola é um anjo.
Anjo? Vem a pergunta imediata, mas, não foi feita. Só o fato de parecer uma dúvida pairando, criou faces furiosas. A expressão sorriu passivamente e seguiu em busca da figura da sacola. Foi vista ao longe e de relance. Mesmo desta forma provocou um entendimento.
Definir o sexo era impossível. Uma figura andrógina, como descrita na bíblia as criatura angélicas. Pode ser homem, mulher e nenhum... Para uma cidade esquecida, antiga e isolada aos moldes das cidades fantasmas do faroeste dos nossos vizinhos estadunidenses, perfeitamente um presságio.
De quê? Imagine todas as histórias apocalípticas e se prepare para o fim. Só via de longe a figura e sempre me atraia - toda a atenção que já pude ter - a sacola. Esquecia-me de algumas coisas ou acreditava nisso. Estava um nativo sentindo o mesmo do resto da cidade.
Estranheza, medo, o fim... Comecei a abaixar a cabeça, os segundos fracionados a trouxeram. Não tive tempo de imaginar tanta coisa vazia vestida e com a sacola. A figura era limpa e clara parecendo não tocar em nada que não fosse a sacola.
Os pequenos milhares de habitantes de Nenhum Lugar, de alguma forma chegaram antes de qualquer reação minha. Uma mão cortada sem sangue caiu em minhas mãos espalmadas para o céu. Largou a sacola. Meu redor virou areia e pó. Não tinha lembranças e todos as perderam. A sacola era minha e eu tinha que alcançar a próxima cidade.
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Um comentário:
Rafa, está de casa nova hein? Boa sorte aqui também. E, pelo visto, dando vazão a um Rafael mais lírico. Mais Belo?
Risos.
Abraço.
Isolda.
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