segunda-feira, novembro 24, 2008

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Suspiro final


Era só um suspiro que sua cabeça grande ouvia. O sujeito fingia ser apenas imaginação e às vezes vento. Não protegia o cabeção e o culpava por ouvir sons. Sons sem sentidos foram formando chamados. Eram tantos, que ele passou a desacreditar nas coisas.

Logo era uma voz. Começou a entender os chamados. Primeiro era o seu nome, depois uma apresentação e um “eu voltei”. Havia um suor frio constante naquele rosto flácido. Tampava os ouvidos e surgiam palavras nos livros, nos espelhos, no rádio, na tevê... Liberou os ouvidos...

Se escondia com os amigos depois de certo tempo. Era o que precisava o sujeito. Por algumas semanas ele parecia surdo. Até... Sentir a voz zangada pelos gritos. Todos ouviam e correram para um quarto. Foi só um puxão. Ele se agarrou nos amigos, ficou pendurado no ar.

Estava quente. Não era qualquer calor. Diziam ali estarem derretendo. A pele do sujeito era a única que escorria. O termômetro estourara no início do retorno da voz entre os amigos. Não tinham se dado conta do quarto em que entraram.

Certa vez, o sujeito entrara ali dizendo coisas que nenhum dos amigos entendia, depois desapareceu até retornar igual agora. Ele se agarrou nos amigos, ficou pendurado no ar, as canelas e os pés estavam já fora do quarto. Tudo estava bem, até não star mais...

A cara de pavor do sujeito era tensa, tinha o tamanho de um grito poderoso sem fim e apavorava mais os amigos do que o que acontecia, como um segredo só dele, que com ele desapareceria. Foram segundos “parados”. Foi arrastado pelo ar se debatendo sangrando pela força dos impactos.

Depois, escuridão e esquecimento. Tomou conta, na noite permanente. No escuro só um último suspiro de ar largado foi ouvido.
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