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O Fotógrafo
No começo eram duas árvores escondendo a fachada. Depois a vi. Meu coração apertou e pesou tanto que tive que parar. Depois dos verdes... Não conseguia olhar para os velhinhos bem cuidados, mas, abandonados. A família? Nunca mais! Depois de registrar a horta. Decidi não tentar ignorar. Tanta carência... Por isso buscam na vida a eterna juventude. Medo de ficar como eles... Tratados por carinhosos, porém desconhecidos. É triste olhar, o enclausurar de um idoso!
Preferi não registrar a tristeza. Mesmo meus olhos não terem feito o mesmo e agora choro. Ouvi que falta interesse, falta amor... Falta vida naqueles olhos tristes de abandono. Voltei. Uma senhora me chama de pai, ela traja um pijama de enferma e uma pulseira dizendo a doença que a acompanha. Ela aperta minha mão diz: “Cuida pai.” Só há um olho direito esbranquiçado, no esquerdo, o vazio. Ela gruda no portão como se esperasse uma visita que não existe. Digo tchau , ela : “já?” e volta para a espera.
Há um grande silencio abraçando o lugar. Um senhor muito magro com soro na cadeira de rodas, fuma ao lado da grama verde mais adiante. Quase do meu lado, um outro senhor denuncia em vão a infração. Este segundo ninguém entende, mas, pelos gestos eu imagino que ele também tenha o vício, porém, segue as regras. Ouço a tevê e há muitos idosos no espaço.
Todos de pijamas diferentes, adoecidos de extrema solidão. Nenhum do lado do outro, alguns deitados no que deveriam ser macas e todos colocados como móveis para preencher o lugar. Nenhum parecido, exceto por não estarem assistindo tevê. Parecem pensar porquês e assistirem as próprias vidas. Poderiam estar em um canto, na rua... Estão aqui sem família, menos os olhos. Onde está a vida? Não dá para captar... Abaixo a cabeça, me levo vazio. Não é hora de tirar fotos...
O Fotógrafo
No começo eram duas árvores escondendo a fachada. Depois a vi. Meu coração apertou e pesou tanto que tive que parar. Depois dos verdes... Não conseguia olhar para os velhinhos bem cuidados, mas, abandonados. A família? Nunca mais! Depois de registrar a horta. Decidi não tentar ignorar. Tanta carência... Por isso buscam na vida a eterna juventude. Medo de ficar como eles... Tratados por carinhosos, porém desconhecidos. É triste olhar, o enclausurar de um idoso!
Preferi não registrar a tristeza. Mesmo meus olhos não terem feito o mesmo e agora choro. Ouvi que falta interesse, falta amor... Falta vida naqueles olhos tristes de abandono. Voltei. Uma senhora me chama de pai, ela traja um pijama de enferma e uma pulseira dizendo a doença que a acompanha. Ela aperta minha mão diz: “Cuida pai.” Só há um olho direito esbranquiçado, no esquerdo, o vazio. Ela gruda no portão como se esperasse uma visita que não existe. Digo tchau , ela : “já?” e volta para a espera.
Há um grande silencio abraçando o lugar. Um senhor muito magro com soro na cadeira de rodas, fuma ao lado da grama verde mais adiante. Quase do meu lado, um outro senhor denuncia em vão a infração. Este segundo ninguém entende, mas, pelos gestos eu imagino que ele também tenha o vício, porém, segue as regras. Ouço a tevê e há muitos idosos no espaço.
Todos de pijamas diferentes, adoecidos de extrema solidão. Nenhum do lado do outro, alguns deitados no que deveriam ser macas e todos colocados como móveis para preencher o lugar. Nenhum parecido, exceto por não estarem assistindo tevê. Parecem pensar porquês e assistirem as próprias vidas. Poderiam estar em um canto, na rua... Estão aqui sem família, menos os olhos. Onde está a vida? Não dá para captar... Abaixo a cabeça, me levo vazio. Não é hora de tirar fotos...
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