Há um caminho entre o fim da rua
e o fim do céu, pelo menos lá aonde a vista alcança. No horizonte está timbrado
nosso caminho e olhar para esta harmonia nos alinha, nos faz olhar de volta
para dentro de nós. Como se nós fôssemos o tal abismo tentando encontrar
olhares. Esta olhada interna pode ser poesia ou um despertar para a necessidade
de rimar o mundo, não com finais iguais, mas com a sonoridade da calma.
Paciência se adquire no caminho
antes de chegarmos lá aonde o olhar alcança por que está morto quem vive
temendo a morte. Cambaleia feito zumbi quem não compartilha, quem não trilha
sem julgar, aqueles que preferem se alimentar de outros cérebros, outras carnes
para fingir viver. Não vive quem idolatra tantos falsos ídolos na histeria da
deturpação de dons transformando talentos em tormentos e imitação.
Há um enjaulado sofrimento livre
em nossas paredes feito de um sangramento coagulado. Nosso sangue derramado em
vão é um cortar os pulsos em inconscientes impulsos de um suicídio invisível
diante dos olhos de todos. Estamos morrendo despedaçados por nós mesmos e
quando choramos são as lágrimas da alma, talvez a única consciente da
quantidade de pedaços desfeitos por falta de uso ou abuso da má-utilização.
Porém, por mais que a palavra
seja reciclar, descartamos simbologia e produto final para termos o novo seja
lá qual for. Morrem as palavras com significação, as esvaziamos e apenas as
repetimos sem pensar. Estamos mortos, pois perdidos. Somos mímicos fazendo
sombras de outras luzes. Não nos damos ao trabalho de encontrar a poesia da
nossa Luz e iluminar, brilhar. O problema não é o medo e sim nossa covardia de
acreditar na poesia e de tudo aquilo vindo da Palavra, do Verbo, pois se somos
do Verbo, somos rima, versos divinos onde quem morrer vive, basta viver.
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