Estava
oculto o sujeito em ambos. Entre as coisas e amores. Eles não entendiam quem
era ela e quem era ele... Olhavam ao redor sem entender tantas metáforas. Eram folhas
verdes, folhas secas, folhas ao vento e folhas em decomposição. Flores inteiras,
despetaladas, coloridas, desbotadas, flores vivas em aromas e perfumes de recordações.
Eram cheiros corriqueiros de lembranças e devaneios de dois estrangeiros
nascidos naquela sociedade de janeiro.
A comunidade era ambos e, apesar
do artigo feminino, não tinha sexo definido. Caia nas graças do amor minúsculo
com adjetivo maiúsculo, apenas para alimentar a sentimentalização da prisão. Os
ocultos cultivavam o vulto da esperança com sorvete de toda espécie e chocolate
da desmotivação, mas massas e comidas rápidas também eram bem-vindas, assim
como abstinência total de alimentação.
Ele não era ela nem ele. Ela não
era ele nem ela. Eram formas definidas alimentadas de dias iguais os esperando
diferentes. Eram esquizofrenias da deturpada imaginação da sociedade e da
família. Crias criadas para perpetuar. Folhas caídas, flores partidas por falta
de adaptação. Não eram pessoas perdidas, apesar das formações machistas e
patrimoniais, a vida inteligente aconteceu por lá. Havia conteúdo desenvolvido
repleto da palavra proibida: ideais.
Às vezes eram duas dúzias doídas
de um casal, outras o própria ideal e um céu azul de poucas nuvens. Não estavam
ocultos de fato, o sujeito e a sujeita. Duas
pessoas em liberdade condicional de vidas acumuladas de entulho muito emocional.
Só estavam dispostos a lutar quanto a ambivalência do tal “bem e mal”. Não eram
reducionistas. São experimentos de si mesmos querendo o próprio melhor. E se
isto não é casamento... A lâmpada, a energia, a vontade, a paciência e muita criatividade
não são luz.
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